quarta-feira, 28 de novembro de 2007

A chapa branca é fria


Dizem que nós realmente só compreendemos algo quando sentimos os efeitos que os eventos causam. Não seria, então, questão de saber ou aprender um assunto. Para dominá-lo é essencial senti-lo.


Apesar de haver quem defenda que as diferenças culturais não são assim tão importantes nas relações, é preciso ter consciência de que quando fazemos um gesto, desencadeamos um sentimento, que pode ser muito profundo em alguns casos, mesmo que inconscientes.


Você prepara um plano de negócio com cuidado, elabora relatórios detalhados, faz uma arte requintada, junta tudo com cuidado para não esquecer de nada e entrega em mãos a um possível parceiro chinês dentro de um lindo envelope branco. Pensamento positivo para que dê tudo certo. Mas o que sentirá seu interlocutor ao se ver em frente do tal envelope branco?


No evento organizado nesta semana pela Junior Chamber International Brasil China, Willian Lin disse em palestra que deve ser completamente evitado entregar a um chinês um envelope branco, pois o branco é a cor do luto para o chinês com todos os sentimentos de perda que isso envolve.


Não é possível imaginar como cada um reagirá em uma situação como essa, mas nesse caso é melhor não deixar espaço para riscos. Vale o mesmo para papéis de presente. O chinês tem hábito de dar presentes para agradar o interlocutor, mas mesmo que para nós seja requintado usar um papel todo branco, para eles não pega nem um pouco bem. Willian Lin recomenda o uso da cor vermelha em ambos os casos.


Bandeira branca, então, só se forem os golfinhos pré-históricos que habitam o rio Yangze. É tudo muito diferente e é preciso assimilar essas diferenças da forma menos traumática. Pode parecer besteira, mas nem eles iam querer um blog chapa branca.

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Pequenos gestos, grandes negócios


É incrível como pequenos gestos podem ter enormes conseqüências no nosso cotidiano, mas principalmente quando se trata de uma relação de confiança. Quando está sendo desenvolvida com um chinês, então, a atenção a detalhes aparentemente sem importância podem ter desdobramentos incríveis.


A última história que ouvi nesse sentido foi contada ontem por Robert Wong, que "esteve" (como ele prefere) presidente da "Korn/Ferry para o Brasil e é considerado um respeitadíssimo "headhunter", a ponto de ter virado caçador de caça-talentos, classificado pela revista "The Economist" como um dos 200 mais destacados headhunters do mundo e autor do livro "O Sucesso está no Equilíbrio" (ed. Campus).


Wong (rei no dialeto de Nanquim enquanto em Pequim seria Wang), abriu sua palestra ontem, para a Junior Chamber International, contando a história.


Quando se está em uma refeição com chineses, é apropriado você se servir e também servir quem está ao seu lado com seu próprio kuài zi (palavra chinesa para o hashi - em japonês - ou os pauzinhos - em português).


Ao seguir recomendação sua, um amigo dele tomou um cuidado especial ao servir quem estava ao seu lado. Comia, então levava à própria boca o seu kuài zi. Se serviu do que desejava e, antes de servir seu vizinho, virou os palitos ao contrário, evitando assim tocar a comida do outro com a parte que havia levado à boca.


Segundo contou, o anfitrião teve uma reação completamente inesperada: ao ver aquela deferência, se levantou e se curvou à sua frente, em um gesto rígido de agradecimento por sua educação, o que deixa duas lições: a primeira é que quando você for convidado para uma refeição, o anfitrião estará sempre de olho no que você faz, mas não se intimide; a segunda, que virar o kuài zi ao servir o companheiro de mesa é um sinal de refinada educação.


Podem achar que não, mas conhecer detalhes da cultura chinesa facilita muito a aproximação com eles.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

O lóng e a fèng


Como canta Jorge Benjor, "Roberto, corta essa, porque lugar de dragão é na caverna... Você trocou uma princesinha, uma princesinha, pelo dragão" É mais ou menos assim que no Brasil se referem a um dragão. É fácil entender os possíveis choques culturais.
Em um casamento chinês são colocados sobre as mesas ideogramas ou imagens de um lóng (dragão) e uma fèng (ave parecida com o pavão), simbolizando a força e a beleza। O dragão é um animal sagrado na China, símbolo máximo do imperador, que levou os chineses a se considerarem os filhos do dragão.
Fico imaginando como foi a recepção, após três mil anos de história, ao Novo Testamento, que no capítulo 12 do livro do Apocalipse, tem 12 citações sobre um dragão, "grande, vermelho, com sete cabeças, dez chifres e, nas cabeças, sete diademas", "que se deteve em frente da mulher que estava para dar à luz, a fim de lhe devorar o filho quando nascesse" O dragão era o diabo, pronto para devorar Jesus Cristo.
Atualmente, a igreja católica oficial no país é a Associação dos Católicos Patriotas da China, que fundou a Igrja Católica Patriota. Para entender um pouco da relação entre a igreja católica e a China indico o artigo do jornalista Jayme Martins, que ficou 20 anos no país como correspondente internacional.
Dizem que foi por culpa dele que agora um correspondente estrangeiro só pode ficar cinco anos na China. É o que dizem. O artigo é uma aula sobre diversos assuntos.

As faces do Dragão


Os renomados economistas Luiz Carlos Mendonça de Barros, Paulo Pereira Miguel, da Quest Investiments, e José Roberto Mendonça de Barros, da MB Associados, escreveram um artigo especial para o jornal "Valor Econômico", publicado em 12 de novembro último, intitulado "As três cabeças do dragão".

Segundo eles, "entender a questão chinesa é fundamental para quelquer planejamento estratégico, no nível empresarial ou nacional", o que não é pouca coisa. Entender a questão chinesa.

Ao dizerem que é uma missão que fica mais difícil a cada dia que passa devido à velocidade das transformações por que passa com a rápida urbanização e sugeriram ver a questão como um dragão de três cabeças, sendo a primeira "a que devora vorazmente quantidades antes inimagináveis de energia, matérias-primas industriais e, cada vez mais, commodities"; a segunda, "a que produz bens manufaturados em elevada escala e com baixo custo... que causou uma deflação global que apenas agora começa a perder força"; e a terceira, "a mais recente... que representa a população da China como grande consumidora global..., ( já que) a incorporação de dezenas de milhões de pessoas ao ano no mercado de trabalho e o rápido crescimento da renda per capita indicam que a Chinha como mercado consumidor é uma realidade cada vez mais próxima".

Gráficos ilustravam características técnicas do desenvolvimento da economia a partir de aspectos como consumo de energia custo unitário do trabalho, destino das exportações (ascendente para América Latina, África, Rússia e Índia e descendente para EUA), PIB etc.

A conclusão do trio, quase uma consultoria, é que "os perfis da nossa indústria e da economia vão mudar, mas não haverá desindustrialização. O que poderá haver são oportunidades perdidas". Indicam que se tenha uma visão ampla dos desafios e oportunidades e que se olhe para o futuro.

No final de outubro assistir a uma palestra do Consul Geral da República Popular da China em São Paulo, Sr. Sun Rong Mao, que tratou basicamente de intercâmbio cultural, mas em sua contextualização, dividia os momentos da China também em três após 1978: até 1980, com a concentração na política econômica, criação de Zonas Econômicas Especiais; de 1981 a 2001, quando se pode constatar a velocidade no desenvolvimento econômico, com alto consumo de matérias primas, "pelo menos duas vezes maior que a dos Estados Unidos e do Japão porque nossa tecnologia não é tão avançada, mas agora buscamos sustentabilidade, que é fundamental"; e a partir de 2002, no qual "avançamos na teoria do crescimento científico sustentável. Estamos construindo uma sociedade hamoniosa, com construção política, econômica e social".

A visão oficial do país, do Consul Geral a universitários de letras da USP. Só no momento em que abriram para perguntas me identifiquei como jornalista, para fazer a minha pergunta. Antes, o Sr. Sun Rong Mao disse que a China é a terceira portência econômica em volume de negócios, que "agora, avaliamos no que os estrangeiros são bons. Os Estados Unidos e a União Européia passam por estagnação econômica, têm problemas. Isso indica que o capitalismo não resolve todos os problemas. Só usar o sistema capitalista não resolverá. Por isso, estamos acançando no capitalismo com características chinesas." E foi enfático: "Trata-se de uma experiência de grande sucesso", disse em português de Portugal, que ao comentar fez rir sua platéia, que já havia percebido o forte sotaque lusitano.

Destacou os números que achou apropriado para mostrar a eficiência do país, dizendo que buscam uma sociedade modestamente abastada: segundo ele, em 1979, o PIB per capita era de 200 dólares (um forte indicador de que estamos falando de um país muito pobre) "e o sonho, na imaginação do chinês, era chegar ao final do século 20 com um PIB per capita de 800 dólares, o que alcançamos em 1998".

Segundo o Consul, foi determinado um plano para em 2000 ter PIB de 1.000 dólares; em 2010, 2.000 dólares e até 2020, 4.000 dólares. E ressaltou: "Em 2006, chegamos a 1.974 dólares. Para isso, teremos de abrir mais a porta e fazer uma reforma política."

A "porta"? Havia dito no ínício da palestra que "capitalismo e socialismo são muito contrários. É preciso ter cuidado para abrir a porta".

As portas estão se abrindo, mas o que cada um vê? A palestra foi encerrada pouco depois que um ativista político fez uso da palavra para pedir que posse interrompida o que consideram uma perseguição política. Inclusive recebi cópias de um livro, que ainda não consegui ler.

Como poucos dias antes este blog já foi chamado de "chapa branca" por em 25 notas não ter criticado a pena de morte na China, pensei muito a respeito, mas ainda não tenho um posicionamento, a não ser o meu pessoal de ser contra a execução de pessoas, principalmente por órgãos do governo, apesar de ouvir argumentos como "mas e quem estupra, mas e quem rouba compulsivamente e não se regenera?"

Agora, como me posicionar em relação à clara determinação dos revolucionários líderes do povo chinês, que exigem autonomia para governar e não aceitam qualquer tipo de questionamento em relação ao que fazem da porta para dentro, não sei ainda. Pretendo aprender e por isso, também, resolvi começar este blog.
Para aprender, no dia 14 fui à FAAP, assisitir à palestra de Guy Sorman, autor de "O Ano do Galo - Verdades sobre a China", sobre o ano de 2005 "quando a China passou por um enorme número de insurreições: revoltas camponesas, sublevações religiosas, greves operárias, petições de militantes democratas, movimentos ecologistas", segundo o material de divulgação da palestra. Sorman, canadense, em inglês, se apresentou como democrata liberal e iniciou sua exposição comentando como o governo chinês está se especializando em relações públicas, na qual investe muito, inclusive com os Jogos Olímpicos, o que faz com que "lendo jornais de qualquer país, só se vê boas notícias": "Eu serei mais equilibrado", disse ele para enquanto iniciava falando de sua visão da China que para ser forte quer ser útil, sendo um núcleo de atividades.

Para Sorman, "os chineses não controlam o mecanismo deles, pois se Estados Unidos e a Europa deixarem de comprar, eles não se mantêm".

Para Sorman, "os chineses não controlam o mecanismo deles, pois se Estados Unidos e a Europa deixarem de comprar, eles não se mantêm". Mesmo assim, ele conta, para 300 milhões de chineses, com moeda forte, educação e saúde, nunca se viveu melhor no país.
Sorman contou que viveu no interior da China e que lá a pobreza é diferente, pois na Índia vivem em certa integração. "São pobres, mas têm direitos não econômicos. Disse que na China não podem se expressar, não podem viajar nem ter atividade religiosa, se não for ligada ao Partido Comunista, que só permite a um casal ter seu segundo filho se o primeiro for uma menina, mas, segundo ele, infelizmente, mil revoltas não fazem uma revolução. O povo só se revolta porque a mulher foi estuprada por um líder do partido ou porque estão confiscando a minha terra para construir uma casa para o líder do Partido Comunista."

Sorman acredita que "o sistema de exploração das pessoas pobres é estável. É uma combinação peculiar de sistema comunista e capitalista e enquanto o mundo não recusar as distorções do sistema comunista, não haverá o que mudar. Como consumidor, tenho interesse direto na produção na China, assim como os brasileiros. Há quem queira boicotar o consumo de produtos da China e os Jogos Olímpicos, mas digo que não porque o chinês é orgulhoso de sua renascença econômica. Temos de fazer a mesma separação da União Soviética das décadas de 60 e 70: separar as pessoas do sistema." Para depois encerrar: "Eu não gosto de ser manipulado pela propaganda do partido chinês. Sou anti-partido, mas não anti-chinês", disse Guy Sorman.

Faces diferentes vistas por óticas diferentes, mas na USP, a Cônsul Geral também foi claro ao falar sobre a pena de morte ao ser questionado pelo ativista político, que sinceramente não me lembro se identificou-se. "A pena capital está prevista na constituição. E vou usar um ditado português para explicar: "Com ferro mata, com ferro morre."
Há muito a ser compreendido.

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Chá com Sokan Kato


Uma curiosidade sobre a China é que chá, em chinês, é chá mesmo. Inclusive com o acento, em pin yin. Só que isso não adianta nada porque a pronúncia é diferente e mesmo que você escreva "chá" e mostre a um chinês, ele não vai entender nada porque são poucos os que dominam o pin yin, que é escrever em algarismos romanos a pronúncia dos fonemas chineses.

Como não tomo café, segunda-feira pela manhã tomei um chá com Sokan Kato, diretor da China Turismo, a Chinatur, que voltou sábado da China, para onde levou um grupo de 42 pessoas à Feira de Importação e Exportação de Guangzhou (Cantão), que é semestral.

Segundo me contou, notadamente a cada edição a feira está mais profissional e sua característica está mudando: onde antes se tratava de exportação, agora se negocia também importação, "pois eles precisam de energia, idéias e tudo o mais".

No passado a China já se pronunciou auto-suficiente em tudo e isso lhe rendeu duas Guerras do Ópio com a Inglaterra, que era muito descontente por importar muito dos chineses e não vender nada a eles, o que afetava sua balança comercial.
O que chamou muito a atenção de Sokan é que nem a revista oficial da feira nem em toda a feira havia menção aos Jogos Olímpicos de Beijing 2008. Guangzhou não está incluída no projeto olímpico. Ele e seu grupo chegaram à China por Hong Kong, onde acontecerão as disputas do hipismo dos Jogos. Lá sim há mensagens de "Hong Kong e Beijing unidos pelos Jogos". Em Pequim os logos das Olimpíadas estão em vários pontos da cidade, inclusive na Muralha da China (foto).

Sokan foi a Pequim e aproveitou sua estada para garantir seus negócios. Há mais de um ano ele negocia o recebimento de uma carga de 500 (quinhentos) ingressos para a Cerimônia de Abertura dos Jogos Olímpicos. Já tem 108 (cento e oito) interessados.

Para ter uma idéia de como são raros, a Air China é parceira oficial de Beijing 2008 e colocou anúncio em jornais para infomar que quem comprar uma passagem de primeira classe, ganha ingresso para assistir às Olimpíadas, mas faz uma observação: "menos para as Cerimônias de Abertura e de Encerramento".

Os hotéis com os quais a Chinatur opera normalmente em Pequim foram reservados pelo Comitê Olímpico, mas Sokan contou que já conseguiu 25 apartamentos em um flat e mais 25 no Zhaolong Hotel Beijing, mas garante que dependendo da demanda conseguirá 150 vagas.

Atualmente, uma diária no Zhaolong sai por 350 dólares, mas quem tem o projeto de ir para lá durante os Jogos tem de trabalhar com a idéia de que custará cerca de 700 dólares em agosto de 2008.

No Brasil, a venda de ingressos oficiais será definida pelo Comitê Olímpico, mas Sokan "tem absoluta certeza de que vai ter mais ingressos" graças a seus contatos na China, cultivados em 30 anos, completados em 2008, que sua empresa leva brasileiros para China.

Sokan faz um alerta que vale a pena ser divulgado: atualmente, ninguém sabe como serão oferecidos os ingressos. A China colocou à venda nesta semana 1,5 milhão de ingressos e cerca de 2 mil foram vendidos porque o site não suportou a procura. Então, atenção com empresas desconhecidas que pedem depósito adiantado para garantir ingressos lá na frente: pode ser um golpe.

A nova Pequim


As Olimpíadas Beijing 2008 são um momento para a China se mostrar ao mundo após sua abertura econômica, mas o país tenta aproveitar o momento para apresentar uma nova Pequim.

Não me sai da cabeça a frase-compromisso do ministro do Meio Ambiente da China, Xie Zhenhua, em dezembro de 2000: "Hoje, a qualidade do ar em Pequim não é tão boa quanto a de Paris. Mas em 2008 será igual." Disse isso antes mesmo de Pequim ser anunciada como a sede dos Jogos Olímpicos.

Passados quase sete anos daquele dia, a poluição no céu de Pequim não parece ter mudado tanto assim, mas na verdade, a cidade não é mais a mesma. Apesar de ser a capital do país, Pequim era uma cidade industrial, com antigas e grandes fornalhas e fornos queimando toneladas de carvão (foto).

É mais ou menos como se a capital do Brasil tivesse sido transferida para Cubatão e fizessem os Jogos Olímpicos lá.

No entanto, assim como em Cubatão, muitas dessas siderúrgicas já foram desativadas nas últimas décadas e está cada vez mais difícil encontrá-las, ao menos próximo ao centro. Mais de 200 indústrias foram tiradas da área urbana. A cidade ganhou um novo distrito industrial, mais moderno. Muitas residências já queimam gás natural para ficarem aquecidas no inverno e há investimentos maciços para fomentar empresas de alta tecnologia e potencilizar o turismo, como atesta o historiador e amigo Paulo Vicentini, que mora em Pequim há praticamente cinco anos.

Ele me contou que apesar de ainda ser difícil ver o céu azul, a poluição atmosférica industrial está diminuindo e crescem os distritos tecnológicos de Haidian e Yizhuang, onde há incontáveis empresas de alta tecnologia e mais de uma dezena de universidades e institutos de pesquisa ligados à Academia de Ciências da China.

Bom papo o Paulo Vicentini, que está prestes a tocar um projeto pessoal de percorrer a Rota da Seda. Temos nos falado muito, apesar do fuso-horário.

domingo, 28 de outubro de 2007

Palestra do Consul Geral na USP


A Agência USP de Notícias publicou em seu site na internet que na quinta-feira, 1º de novembro, o Consul Geral da República Popular da China em São Paulo, Sr. Sun Rong Mao, fará uma palestra aberta no prédio de Letras da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP.
O evento, organizado pelo Departamento de Letras Orientais da FFLCH, se chama O Intercambio Cultural e Internacional com a China e será feito em lingua portuguesa.

Quem quiser participar pode obter maiores informações ligando para o telefone 3091-4299, mas o básico é que está marcado para começar às 10 horas, na sala 260 do prédio de Letras, na Rua do Lago, 717, na Cidade Universitária, em São Paulo.

Se você for, a gente se encontra lá, porque é uma excelente oportunidade. O mapa mostra onde fica dentro da USP. Obrigado, Cecília, por me avisar.

sábado, 27 de outubro de 2007

Primavera em Pequim


A cultura também é fortemente influenciada pelas condições climáticas. Primavera em Pequim é muito diferente da primavera na Europa. Um dos motivos é o que registra a foto aí do lado: as tempestades de areia.

Fortes ventos passam pela Mongólia Interior e acabam levando areia até Pequim, que fica coberta de areia, como dá para ver aí. Há registros de nuvens de areia que chegaram até a Coréia do Sul e, dizem, até os Estados Unidos.

É a natureza cobrando seu preço. O solo chinês é cultivado há cinco mil anos e para acomodar sua população de 1,3 bilhão de pessoas, não sobrou muito da vegetação nativa, evidentemente, como em todos os outros lugares por que o homem passou. Mais de 70% (setenta por cento) do território chinês sofre com desertificação, que acaba favorecendo também o surgimento dessas nuvens de areia.

De qualquer forma, quem está fazendo planos para assistir os Jogos Olímpicos de Beijing 2008 não tem com que se preocupar em relação a isso: historicamente, essas tempestades de areia ocorrem, quando ocorrem, apenas na primavera, não no verão, estação do ano na China no mês de agosto.

Ciente dos problemas que decorrem dessa desertificação, o governo chinês tem trabalhado o reflorestamento de seu território, o que tem causado fortes pressões sociais, já que estão sendo reflorestadas áreas habitadas muita gente protesta por ter de se mudar, além de reclamar dos valores das indenizações.

A preocupação com o verde levou engenheiros a pensarem soluções criativas para o Parque Olímpico para Beijing 2008. Estou levantando alguns dados e vou escrever um post a respeito em breve.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

O pequeno domador de baleias


Ficou linda a foto e é incrível a semelhança com a capa do disco "Never Mind", do Nirvana. A não ser pelas diferenças entre os valores envolvidos na questão.
O menino de quatro anos se apresenta com baleias na China e causa sensação, além de desencadear várias polêmicas.
Em algum momento eu vou descobrir como é que faz para esconder um link desse tamanho por "clique aqui".

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

COI dá sinal verde para Olimpíada Verde


A forte poluição em Pequim voltou a ser destacada por membros do Comitê Olímpico Internacional (COI) que gerenciam os Jogos Olímpicos, mas apesar disso, as obras seguem no ritmo previstmo nos projetos.

Hoje, a agência de notícias Reuters distribuiu uma matéria, publicada pelo portal do Estadão (http://www.estadao.com.br/esportes/not_esp70454,0.htm), em que o COI afirma não existir qualquer risco para quem quiser acompanhar os Jogos Olímpicos e que a competição atenderá "aos altos padrões de exigência".

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Four letters word


Em inglês, "four letters word" é um termo usado para definir os palavrões, aquelas palavras absolutamente naturais no linguajar de todo mundo em momentos muito específicos, mas que por serem impublicáveis, são substituídas por asteríscos, como em "f***" ou "s***".

Há uma música do "Cake" que diz "vindo de você, amigo é uma palavra de quatro letras", brincando com a questão.

Já em chinês, uma expressão com quatro ideogramas não tem nada a ver com palavrões. São os chéng yŭ, provérbios chineses, que comumente são expressos em quatro ideogramas, mas podem também aparecer com três a oito ou em pares de frases com quatro a sete ideogramas. Mas, tradicionalmente, é expresso mesmo em quatro palavras, que pronunciadas resumem bem uma situação e demonstram muita habilidade no uso da língua.

Imagine você comentando com um chinês um fato importante e quando você termina de falar, ele responde, em português, apenas "aqui se faz, aqui se paga". Se usasse corretamente, insinuaria sua opinião a respeito do assunto e ao mesmo tempo demonstraria conhecimento do idioma.

É mais ou menos assim que pode ser usado o chéng yŭ. A diferença é que muitas vezes são baseados em um fato histórico, diferentemente da língua portuguesa, onde passa a valer a parábola que transmite um conhecimento empírico como em "de grão em grão a galinha enche o papo.

No http://www.chinesecharacters123.com/ há exemplos sobre como funcionam. "破釜沉舟" significaria, segundo o site, algo como "destrua as panelas e afunde os botes", uma referência a uma batalha vencida por um general graças à ordem de "eliminar a tentação de desistir e voltar atrás" ao destruir o que possibilitaria isso.

A wikipedia tem exemplos melhores em http://en.wikipedia.org/wiki/Four-character_idiom.

一日千秋 (yí rì qiān qiū) significaria "um dia, milhares de outonos" e seria usado para se referir a mudanças rápidas, como se acontecesse muita coisa em um único dia, mas 一日千里 (yí rì qiān lĭ) significaria "um dia, milhares de milhas" para se referir a progressos muito rápidos em uma questão.

Não é simples de explicar, mas vale a pena dominar o assunto.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

A cor do verão


A morenice é muito valorizada no Brasil, onde todo mundo gosta de pegar aquela corzinha no verão para ficar com cor de saúde. Por aqui se alguém está muito branco, parece pálido, e já perguntam se está doente. Mas os padrões chineses parecem ser bem diferentes.


Um amigo me recomendou ler o blog Migrante Digital (http://migrantedigital.blogspot.com/), da Guta Nascimento, e encontrei uma história que mostra bem como os valores podem ser diferentes entre chineses e brasileiros em detalhes que nem nos damos conta.


A Dayse Espinola colabora com o Migrante e escreveu que na China os cremes e sabones contêm clareador solar, para a pele ficar bem branquinha. Uma chinesa ainda recomendou que ela usasse para que desaparecesse a marquinha de seu biquíni.


Vale uma visita (http://migrantedigital.blogspot.com/2007/09/no-marquinhas-de-bikini.html). Se aqui já tem bronzeamento a jato, com spray que dá cor instantânea à pele, daqui a pouco vamos descobrir que na china deve ter algo para sair clarinha.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Fú Wā ajudam a enteder o mandarim


Mais difícil do que aprender a falar expressões básicas em chinês é entender quando alguém fala com você. Outro dia estava estudando no metrô e uma mulher que me viu escrevendo puxou conversa, em chinês.

- "Nán bù nán?"
- "Hĕn nán", respondi.

Ela queria saber se estava difícil e respondi que estava muito difícil. A partir daí, não entendi mais nada do que ela falava.

Era Vitória, que nasceu em Taiwan e dá aulas de mandarim em São Paulo e queria saber há quanto tempo eu estudava, o que eu já sabia falar. Muito simpática.

Para ajudar os turistas a treinarem o ouvido, os Fú Wā, os mascotes de Beijing 2008, estão em uma página na internet apresentando a pronúncia de algumas expressões em chinês, francês e inglês. Está no link http://en.beijing2008.cn/languagecorner/. A cada dia está sendo acrescentado um novo diálogo.

Há um problema, porque a carta que tem o pin yin, a romanização da pronúncia chinesa, não tem a tecla para tocar a frase, que é repetida duas vezes. Vale a pena forçar para entender o que dizem (e como dizem). Mas, aparentemente, nem sempre a frase é dita da mesma forma como está escrita.

Resultado do rodízio de veículos

A agência chinesa de notícias Xinhua divulgou que de acordo com o Escritório de Proteção Ambiental de Beijing o rodízio de carros feito na capital chinesa de 17 a 20 de agosto reduziu de 17% a 29% em cada um dos dias a presença de dióxido de nitrogênio na atmosfera em comparação com as medições do dia 16.

Além disso, teriam sido reduzidos de 15% a 20% os níveis de monóxido de carbono e óxido de nitrogênio. O escritório aponta que foram evitadas emissões de 5.815 toneladas de gases poluentes.

Como tudo na China, os números são imensos. Para se ter uma idéia, em cada um dos dias foram retirados das ruas cerca de 1,3 milhão de veículos.

Quando se candidatou para receber os Jogos Olímpicos, o ministro do meio ambiente garantiu que o ar da cidade ficaria tão puro quanto o de Paris.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

O Rei de Jade


Foi só escrever sobre o jade incrustado nas medalhas olímpicas e me falaram sobre outra representação. O Rei de Jade (ou Imperador de Jade) é a entidade suprema do taoísmo, o ponto de partida para uma vida digna, uma filosofia que é considerada mais antiga até mesmo que a própria China.
O taoísmo seria o caminho do bem para uma vida de boa fortuna, mas a complexidade de seu significado é de difícil compreensão, pois se é o caminho também é o caminhante e o próprio caminhar. É o todo, por isso, o princípio em suas mais diversas abordagens. Na imagem Lao Zi, que fundamentou a linha atual do taoísmo.

No verso da medalha com a deusa Nike, a presença do jade em homenagem ao Rei de Jade uniria dois representantes dos valores mais nobres das culturas ocidental e oriental em uma miscigenação de deuses de culturas tão diferentes.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

As medalhas de Beijing 2008


Supõe-se que nos Jogos Olímpicos apenas os melhores do mundo têm espaço, mas não é bem assim e a maior prova disso é Eric Moussambani, de Guiné Equatorial, que participou a convite das eliminatórias dos 100 metros nado livre da Olimpíada de Sydney-2000 mesmo mal sabendo nadar. Seu tempo foi mais do que o dobro dos demais concorrentes.

Seu esforço para terminar a prova causou comoção e deixou as Olimpíadas muito mais humanas, assim como a participação de atletas menos competitivos que participam dos Jogos Pan-Americanos, mas são os maiores atletas do mundo que atraem todas as atenções e eles vão para lá em busca de nada mais que uma medalha olímpica, a glória máxima do esporte.

Em Beijing 2008, o objeto de desejo dos melhores atletas do mundo terá 7 centímetos de diâmetro e 6 milímetros de espessura. Para deixar sua marca histórica, os chineses vão incrustar jade no verso das medalhas, sua pedra nobre. Segundo o site oficial, a medalha de ouro com jade "simboliza nobreza e virtude e sintetiza os tradicionais valores chineses de ética e honra". Dessa forma, simbolicamente, os chineses unem ao símbolo da influência grega na cultura ocidental seus próprios valores orientais de nobreza.

Na frente serão mantidas as imagens da deusa grega da vitória Nike e do Estádio Panathinaikos, onde foram realizados os primeiros Jogos Olímpicos modernos, em Atenas-1896.

A partir de Amsterdam-1928, a face frontal da medalha passou a ter a deusa sentada e segurando milho em uma mão e uma coroa na outra, mas a partir de Atenas-2004, a deusa passou a voar sobre o estádio.

No site da organização dos Jogos de Beijing, mais precisamente no http://en.beijing2008.cn/55/69/olympicmedal.shtml, é possível fazer um maravilhoso passeio pela história olímpica, conhecendo cada uma das medalhas distribuídas nos Jogos Olímpicos desde 1896.
Clicando nas imagens estão à disposição as duas faces das medalhas, mostrando os valores que cada país agregou ao maior símbolo esportivo da hístória da humanidade neste planeta. Ao lado está a oferecida em Atenas-1896.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

A riqueza do Rei







Não sei dizer qual o valor do jade no Brasil, mas na China é uma pedra preciosíssima, apesar de também não saber dizer qual o valor material disso no momento.

De qualquer forma, é tão preciosa que seu ideogra é semelhante ao "Wáng", o Rei. Apesar de não ter ficado lá muito bonita a composição aí de cima, o ideograma da direita é o do Rei, o do meio, o jade. A única diferença entre eles é o último traço, o menorzinho, à direita, que forma "a riqueza do Rei".

O ideograma maior, à direita, é o nome da China em mandarim, "Zhong Guó", o País do Meio. Esse "Guó" aparece no nome de vários países. Pode ser país ou reino, mas passa a comparação dos ideogramas, passa a idéia de "limite das riquezas do Rei".

Tudo isso para falar das medalhas...

Os olhos da raposa


Via de regra, os personagens das fábulas chinesas são tirados da natureza, sejam animais, o vento ou as árvores. Antes de falar das medalhas que serão distribuídas nas olímpiadas e a diferença delas para as do Pan, mais uma fábula que encontrei.

Uma galinha, incapaz de continuar suportando o perigo que a rondava, procurou os animais mais fortes para reclamar que suas semelhantes estavam sendo ameaçadas pela raposa e pediu a eles que fizessem justiça e encerrassem a selvageria da raposa. "Se você olhasse dentro daqueles olhos", cacarejou ela, "iria me compreender".

"Já olhei suficientemente", rosnou o tigre. "Eles expressam apenas timidez e cautela. Não há o que temer ali."

"A raposa avança em minha direção todas as vezes em que me vê", grunhiu o javali. "O que vejo naqueles olhos são é modéstia e clemência."

"Eu conheço a raposa muito bem", uivou o lobo. "É do tipo que sempre desaparece quando há uma luta. Os olhos da raposa são meigos e submissos."

"Você estão todos enganados!", voltou a cacarejar a galinha. Por que vocês não conseguem ver astúcia e crueldade naqueles olhos?"

"Segure sua língua!", disse o tigre, "não vou aceitar você inventado acusações contra a raposa."

"Você não devia ser preconceituosa", disse o javali.

"Você tem de ser responsável pelo que diz", disse o lobo. "É tão errado o fraco intimidar o forte quanto o forte intimidar o fraco."

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Metrô maior e mais barato


Os Jogos Olímpicos levam benefícios reais para a cidade que os organiza, diferentemente dos Jogos Pan Americanos. No próximo domingo será inaugurada a linha 5 do metrô de Pequim; em 2008, mais três. A rede passará de 114 quilômetros para 200 quilômetros.

A China vai fazer o possível para passar a melhor imagem que puder aos ocidentais que a visitarem no ano que vem. Ou pelo menos para mostrar coisas boas para equilibrar os imensos problemas com que lida.

Para reduzir a poluição, já testou um rodízio em que durante uma semana, em um dia só circulam carros com placas pares e no outro, só com ímpares, que deverá entrar em vigor também durante a Olimpíada.

No mês passado, patrocinou uma semana para que os chineses priorizassem o uso de transportes coletivos em 108 cidades, entre elas as que receberão competições dos Jogos Olímpicos, e a partir de domingo, reduzirá de 3 yuans para 2 yuans (cerca de 50 centavos de real) o preço do bilhete do metrô. Quer assim tirar carros das ruas para melhorar a qualidade do ar.

Quando apresentou sua candidatura à Olimpíada, Pequim garantiu que teria ar tão puro quanto o de Paris. Se conseguir isso nos 11 meses que restam até os Jogos, será um fenômeno mais impressionante do que seu crescimento econômico.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

O leão que não gostava de bajulação


Em seu trono, o Rei Leão estava ficando cansado da bajulação de seus súditos. "Que horror! Todos os dias eles me enchem de elogios. Meus ouvidos já estão ficando cansados. Como são tolos por imaginar que eu, um rei, tenho apreço por aduladores!"

Abanando a cauda, um cão tentou se aproximar do trono e foi logo tecendo seus elogios ao Rei. "Poderoso Rei, sem Vossa Majestade nós não teríamos paz. Todas as feras são leais a ti. Por Vossa Alteza nós sacrificaríamos nossas vidas."

"Saia daqui!", rugiu o Leão dando um salto na direção do cão. "Não me bajule nunca mais! Eu detesto aduladores!"

O cão se foi, literalmente com o rabo entre as pernas.

Uma raposa doce acompanhou tudo mantendo certa distância. Aparentava ser decente e ter boa educação. Nem arrogante nem humilde, se curvou frente ao Rei Leão, olhou de esgueio para o cão e disse calmamente:

"Rei Leão, mas por que tamanha fúria? Espera sabedoria de uma criatura tediosa como um cão? Certamente não há ninguém tão estúpido! Ele certamente não faz a menor idéia de que você é a pessoa mais modesta neste mundo! Bem, isso não chega a ser uma surpresa, já que muito poucos neste mundo dispensam elogios. Eu juro que nunca conheci ninguém como você, tão sábio e tão honesto!"

"Isso lá é verdade", disse o Rei Leão, satisfeito. "Venha, deixe-me recompensá-la com uma grande ave."

A imagem é "Folktales of Guizhou Ethnic Minorities", do chinês Liu Yong, e está no site "http://www.accu.or.jp/noma/english/works/78-98/pages/007.html"

Fábulas chinesas


A literatura chinesa pode ser muito rica e útil para conhecermos como os chineses contam suas histórias ao longo dos séculos, principalmente quando traduzida pelo menos para o inglês, porque ainda é muito difícil compreender os ideogramas.

Nesse contexto, as fábulas são um ótimo exemplo de como a cultura foi transmitida ao longo das gerações, seja lendo as ancestrais ou as contemporâneas.

Dizem que as fábulas chinesas são contadas pelo menos desde 770 a.C. e continuam sendo criadas até hoje.

Conforme eu for encontrando com elas, coloco aqui.

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Água certificada


Na China seguro morreu de velho, também. O diário chinês China Daily informou que o governo chinês colocará um selo eletrônico de identificação em cada garrafa de água para assegurar a qualidade durante a Olimpíada Beijing 2008, já que com a imensa demanda, qualquer um poderia se aproveitar para vender água.

O diário afirma que 28 empresas que trabalham na China serão certificadas até o dia 15 de março do ano que vem já que há denúncias de que poderia estar havendo venda de água não garantida como potável.

A marca Grin não aparecia entre as poucas citadas nominalmente, mas esta da foto tem uma curiosidade. É vendida como sendo retirada a 200 metros de profundidade "naturalmente pura e livre de poluição".

Sua composição química, rica em lítio, zinco e microelementos trariam benefícios para a saúde. É quase água termal engarrafada. Tem certificação e tudo. E combateria até cânceres e senilidade. Possível? Quem pode dizer? A propaganda fala ainda em estímulo à inteligência e melhora da memória. Se puderem, tragam uma garrafa para mim. Mas com a água natural dela, por favor. Parece mais forte que Maotai.

Mais informações em "http://www.guanluquan.com". Já vale pela "intro" do site. Melhor com o som ligado...

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Pacotes parcelados


A preocupação da organização dos Jogos Olímpicos Beijing 2008 com a superlotação da cidade é muito maior do que se pode imaginar.

Por conta disso, também, a China está tomando decisões para permitir que o maior número possível de turistas estrangeiros possa ver alguma coisa da Olimpíada.

Para isso, determinou que os pacotes turísticos para a época dos Jogos, de 8 a 24 de agosto de 2008, só serão vendidos em blocos de seis dias.

Ou seja, o governo chinês espera que a cada seis dias entrem e saiam de Pequim grupos de turistas estrangeiros. A maior preocupação, ao que consta, é não haver espaço para todo mundo.

Hotéis a 100 quilômetros da capital chinesa já estão sendo reservados para turistas. Mesmo assim, os preços já estão bastante inflacionados. Em Pequim, será preciso muita influência, principalmente para ficar no Plaza Royal, da foto aí ao lado.

Por falar em influência, me lembrei de uma coisa, mas fica para a próxima nota.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Para trabalhar a memória



Para compensar os dias que passei sem atualizar o blog, uma dica sobre mandarim.

Em minha passagem pelo Rio de Janeiro na semana passada para acompanhar o Campeonato Mundial de Judô, aproveitei para visitar a Bienal do Livro, que neste ano acontece até o dia 23 de setembro, no Riocentro, que fica ao lado da Arena Olímpica de Jacarepaguá, onde aconteceu o Mundial.

Encontrei algo muito interessante para quem estuda mandarim ou chinês, como queiram.

É o "Flash Cards for Elementary Chinese", fichas em papel com duas faces: de um lado, um ideograma, no verso, sua pronúncia, significado (em inglês) e aplicação em alguns exemplos.

Acompanha um porta ficha de plástico para duas fichas, porque, segundo o vendedor, se você estudar mais de dois ideogramas por dia, não aprende nenhum.

Levando isso em consideração, deixa ver aqui... Em um ano e onze meses você terá dominado os "1 375 Basic Chinese Characters" que vêm no estojo. Ou seja, para dominar o básico da língua chinesa, é preciso dominar pelo menos 1 375 ideogramas.

Se vale como consolo, há quem garanta que dominando 750 já dá para se virar bem. Só é preciso descobrir quais 750 estudar. E, olha, dois anos passam muito mais rápido do que parece... O que não faltam é momentos em que não fazemos nada e podemos dar uma olhadinha. Enquanto estamos no computador, por exemplo. Enquanto página não carrega, dá uma olhada. Depois eu conto se está funcionando.

Na ficha já vem indicado a forma correta de se escrever cada um deles, porque cada traço tem de ser feito da forma correta e todos eles devem ser escritos na seqüência correta. Primeiro o primeiro traço, depois o segundo, depois o terceiro... na ordem correta.

Acredite: é muito mais simples do que possa parecer, mas exige empenho e disciplina absolutos.

Encontrei na Livraria Chinesa. Quem não puder ir ao Rio pode ir à Av. da Liberdade, 622 (tel. 3207.4319) ou à Rua 25 de Março, 1228 (tel. 3315.0047).

Mas vale a pena ir à Bienal. Tem muita obra bacana por lá e dá para conseguir pelo menos 10% de desconto. E ir ao Rio é sempre muito bom.

Questão de imagem



Para que os chineses possam acompanhar o maior evento esportivo já organizado pelo país, ao menos em níveis ocidentais, o governo pretende garantir que toda praça pública da china onde tenha uma árvore, um banco e gente passeando, terá pelo menos um monitor de plasma para mostrar os Jogos Olímpicos Beijing 2008.

O mapa ao lado mostra só um pedacinho da China, mas estima-se que essa região produza 70% dos todos os monitores LCD vendidos no mundo, um dos segmentos que mais crescem no mercado tecnologia, o que deverá facilitar em muito o ousado plano do governo chinês.

Com uma população de 1,3 bilhão de pessoas, há uma preocupação entre as autoridades chinesas que habitantes demais desejem ir até Pequim para acompanhar os Jogos Olímpicos.

Levando em conta o que essas empresas são capazes de produzir, conferir os modelos de monitores que poderão ser colocados à disposição dos chineses deverá ser um espetáculo à parte.

sábado, 8 de setembro de 2007

Beba com gosto


Não é só o Brasil que tem a sua "branquinha". A China tem a "baijiu", bebida alcoólica branca, a cachaça chinesa, que, dizem, era muito apreciada por Mao Tze Tung (Mao Zedong), que a teria oferecido a lideranças como a primeira-ministra da Grã-Bretanha Margaret Thatcher e o presidente dos Estados Unidos Richard Nixon. A paixão nacional por lá é a Maotai, também chamada do Moutai, e a Minas Gerais deles é Guizhou.

Quem pensa em negociar com chineses deve se preparar e tentar encontrar pelo menos uma garrafa dessas para se acostumar com seu sabor e com os efeitos dos 53% de teor alcoólico. Eles valorizam o consumo de bebida alcoólica, então, é bom estar mesmo preparado, porque brindam seguidamente, e o bom companheiro bebe de verdade. Dar só um golinho não é muito bem visto, não.

É produzida à base de trigo e sorgo e consta que existe desde o século II a.C. - pelo menos três séculos antes do uísque - mas ficou mais popular durante a Dinastia Qing (1644-1911).

Assim como nas caves portuguesas e nas destilarias escocesas, há maotais que ficam em repouso por mais de cem anos.

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Um ano para a Paraolimpíada


A organização dos Jogos de Pequim celebrou hoje a marca de um ano para o início dos Jogos Paraolímpicos, que acontecerão de 6 a 17 de setembro de 2008, após o encerramento dos Jogos Olímpicos.

As 20 modalidades esportivas para atletas portadores de deficiências deverão reunir cerca de 4 mil atletas.

Essa aí de cima é a Fu Niu Lele, a mascote dos Jogos Paraolímpicos.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Acesso restrito



Pequim ainda está aprendendo a lidar com o fato de se transformar em um dos destinos turísticos mais visitados do mundo, assim, é preciso se organizar muito bem sobre o que fazer na cidade durante a Olimpíada de Beijing 2008, porque o elevado número de visitantes vai dificultar a visita aos pontos turísticos.

O Departamento de Patrimônio Cultural de Pequim já anunciou que vai limitar o número de turistas que terão acesso aos monumentos locais no mês de agosto de 2008, seja à Cidade Proibida, seja à Muralha da China ou mesmo a atrações menos badaladas, para minimizar os riscos de danos.

Fala-se em 30 mil visitantes passando por dia pela Cidade Proibida por dia. Vai ser fundamental se organizar bem e é importante analisar a possibilidade de deixar por alguns dias a cidade para visitar outros locais no país.

domingo, 2 de setembro de 2007

Cheese salad


O Departamento de Turismo de Pequim está padronizando a tradução para o inglês de 2.753 pratos e drinques para facilitar a escolha das refeições de quem estiver na cidade durante a Olimpíada de Beijing 2008 e quiser ter experiências mais profundas na cidade.

Apesar de ser classificada muitas vezes como exótica, a culinária chinesa é uma das mais diversificadas e sofisticadas do planeta, mas a barreira do idioma acaba impedindo os visitantes de desfrutarem dela.

Como vai ter muita gente na cidade durante a Olimpíada, e todo mundo terá de comer, desde março de 2006 foram iniciados estudos para facilitar a comunicação, ao menos nos cardápios.

Foram criadas quatro categorias de classificação: por ingredientes (pato com batata ou com suco de pêra); pela forma de preparo (peixe cozido ou grelhado); pela apresentação (frango crocante); e pelo nome de quem o criou (um chefe de cozinha) ou da região da China onde se popularizou.

Por mais que tentem evitar, é capaz que apareça algo como um "chess chicken" para o franguinho xadrez, mas o plano é que em qualquer restaurante pratos semelhantes tenham o mesmo nome e que dêem clara idéia do que se está pedindo, o que já ajuda um pouco levando em consideração que cada um colocava um nome em inglês que achava melhor (quando colocava) e ninguém entendia nada.

Quem não domina o inglês já pode ir preparando uma listinha com o significado de “fish”, “chicken”, “duck” etc, porque os garçons receberão treinamento, mas na hora em que todo mundo estiver de mal humor, com fome, vai ficar difícil e descobrir que pediu algo de que não gota só piora a situação.

Um dicionário inglês-português vai ajudar na escolha e a evitar a situação de ter de imitar uma galinha para que o garçom entenda o que se deseja. Também não vai adiantar dizer frango xadrez...

A informação foi distribuída pela agência oficial da China, a Xinhua.

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Bei jing huan ying ni



Pequim dá boas vindas a você (e eu também)

Esses aqui são os Fú Wā, os mascotes dos Jogos Olímpicos de Beijing 2008. Eles são cinco porque são cinco os continentes e, por isso, cinco os anéis olímpicos, em cinco cores diferentes: azul, preto, vermelho, amarelo e verde.

A pronúncia do nome dos cinco juntos forma essa expressão aí de cima: "Bei jing huan ying ni". Foram batizados de uma forma muito usada pelos chineses para falar com crianças, dobrando as sílabas. Assim, um deles é o Beibei, outro o Jingjing, Huanhuan, Yingying e Nini. É a forma como eles demonstram carinho por alguém.

Em chinês, um único ideograma pode ter até 24 significados diferentes. Da mesma forma, ideogramas diferentes têm uma mesma pronúncia. Assim, essa expressão é um trocadilho. A pronúncia transmite a idéia "Pequim dá boas vindas a você", mas os ideogramas usados para nominá-los não são os de Beijing, são outros, com a mesma pronúncia, mas com significados diferentes, assim como acontece com o "Nini", que poderia ser você, mas usam um ideograma que é relativo a "moça jovem, menininha, jovem do sexo feminino".

Quando os ideogramas são lidos, a frase passa a idéia "As crianças espertas (e muito queridas) dão boas vindas às jovens".

Fú Wā em si já transmite a idéia "crianças que trazem felicidade" e, assim, cada uma tem um nome próprio.

São elas:

Fú Wā Beibei - criança muito queridinha que traz felicidade

Fú Wā Jingjing - criança esperta (agitada) que traz felicidade

Fú Wā Huanhuan - criança contente (animada) que traz felicidade

Fú Wā Yingying - criança receptiva que traz felicidade

Fú Wā Nini - menina que traz felicidade

Na imagem aí de cima dá para comparar, com um pouco de disposição, a escrita da frase "Pequim dá boas vindas a você" (abaixo) e os ideogramas usados nos nomes das crianças (acima).

Ainda tem mais...

Bèi, do Beibei pode vir ainda de băo bèi, que é "precioso, tesouro" como aquelas pérolas das conchas no mar. E Beibei é um peixe, do mar, como a concha.

O site da China Rádio Internacional (http://portuguese.cri.cn/101/2006/05/12/Zt1@42920.htm) informa que em mandarim "peixe" tem a mesma pronúncia de "abundância" e por isso simboliza a fartura. O endereço tem informações sobre as outras Fú Wā e também uma coleção com as mascotes de outras olimpíadas. Vale a pena passar por lá.

As Fú Wā são um peixe (Beibei), um panda (Jingjing), um antílope (Yingying) e uma andorinha (Nini, a menina). São animais admirados na cultura chinesa. Huanhuan é o fogo, a chama olímpica da purificação, que estará presente na Pira Olímpica, que fica acesa durante a Olimpíada.

Isso foi o que já descobri até agora. Se tiver mais, coloco aqui. As aulas de mandarim já ajudaram bastante.

Xiè xie lăo shī