quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Um grande passo para a China


Mantendo os sinais externos de sua evolução econômica e tecnológica, a China lançou às 21h10 locais, da base de Jinquan, na província rural de Gansu, a Shénzhōu 7, que ficará em órbita a 343 quilômetros da superfície da Terra e permitirá que pela primeira vez um chinês faça um "passeio" espacial, se mantendo do lado de fora da espaçonave. A honra caberá ao chinês Zhai Zhigang, 43 anos depois do russo Alexey Leonov. Além dele, a "Nave Divina", seu nome em português, transporta os taikonautas Liu Boming e Jing Haipeng. A palavra taikonauta surgiu de "taikong ren" ou homem espacial.

Foi em 2003 que a China se tornou o terceiro país a enviar homens ao espaço, com a Shenzhou 5, depois de Estados Unidos e Rússia.

Se desta vez eles já estão fazendo a primeira "caminhada" espacial e pela primeira vez estão usando roupas espaciais totalmente "made in China", o que será que farão quando lançarem a Shénzhōu 8? Afinal, oito é o número da sorte deles. Seria o momento ideal para arriscar algo "além da imaginação".

Se não houver nenhum imprevisto na viagem, os taikonautas devem estar de volta à China no dia 28 de setembro, e provavelmente deverão participar dos festejos do dia 1º de outubro, a data nacional da China em um ano em que há muito a ser celebrado por lá, principalmente depois do sucesso internacional obtido com a organização dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos, como comenta Morris Jones.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

O mundo olha para a China


Provavelmente nem mesmo nos instantes que antecederam a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos Beijing 2008 olhos tão atentos estiveram voltados para a China como nesta semana. Com o degelo de glaciais eternos da economia mundial causando verdadeiros tsunamis de descrédito no mundo economicamente superdesenvolvido, o desempenho da bolsa chinesa depois do feriado será a grande atração da semana.

O Globo de sábado deu fortes indícios do por que disso tudo. Segundo matéria de Gilberto Scofield Jr., o China International Capital Corp. informou que o banco central de lá, o Banco Popular da China, tem US$ 447,5 BIlhões em títulos de Fannie Mae e Freddie Mac. As reservas em moeda estrangeira do país são de US$ 1,8 trilhão atualmente.

Segundo a matéria, o economista-chefe do China International Capital Corp. disse ao jornal estatal chinês China Daily que "a crise fez o governo chinês perceber que foi uma má idéia colocar todos os seus ovos na mesma cesta".

Mas o mais significativo vinha em seguida. Fontes anônimas do governo chinês de Pequim dizem que o banco chinês deverá iniciar um lento processo de "desdolarização" de parte de suas reservas. Somam 60% os ativos em dólar na China.

Hong Kong abriu em queda de 5,91%. Dizem que como o governo é comunista, é a única bolsa de valores do mundo onde quando há ganhos fecha em vermelho, cor da bandeira do país. Depois das Olimpíadas e das Paraolimpíadas, os gigantes se preparam para organizar agora suas Paraeconomias particulares.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Patriotismo para o chinês


A Folha de S.Paulo publicou ontem um artigo interessante assinado por Zhou Shixiu, professor titular de história da Universidade de Hubei (China) e professor visitante da Unesp (Universidade Estadual Paulista), e Luís Antonio Paulino, professor da Faculdade de Filosofia e Ciências da Unesp-Marília, que trata do patriotismo dos chineses constatado nos Jogos Olímpicos Beijing-2008.

Para quem não é assinante e não tem acesso ao texto, vale comentar que explica o significado do hino chinês:
"Levante-se povo que não quer ser escravo. Vamos juntos construir uma nova Grande Muralha com nossos corpos. Nossa nação enfrenta grandes perigos. Cada um de nós deve gritar com todas as suas forças. Levantem-se, levantem-se, milhões em um só coração. Enfrentemos o risco do fogo e dos canhões inimigos. Avante, avante."

Apesar da história milenar da China, o hino foi adotado apenas depois que o Partido Comunista se estabeleceu, em 1949. Se chama "Marcha do Exército de Voluntários" e foi criado após a invasão japonesa de 1937. Foi com essas referências e sob esse canto que os chineses disputaram e torceram pelos Jogos Olímpicos.

O texto explica que no século 18, a China era a maior economia do mundo, "mas como sempre foi pacífica, não estava preparada para enfrentar as agressões militares que sofreu para abrir seus mercados para o Ocidente".

Me ocorreu que talvez essa realidade explique porque Deng Xiaoping recorreu ao Exército chinês quando buscou um pacto para implantar as Zonas Econômicas Especiais na China, em uma luta individual que teve de vencer inacreditáveis barreiras, como descreve o livro "A China de Deng Xiaoping".

O texto aponta que os chineses aplicaram à sua vida um ensinamento antigo: "Não andar para a frente significa voltar para trás."

Mas talvez entre todas as dicas que o texto transmite a nós, ocidentais, para que entendamos um pouco melhor a China e seu povo uma das mais importantes é na China se fala sobre democracia e liberdade, "sempre pensando com a responsabilidade. A maioria dos chineses sabe que a realização de democracia deve se dar passo a passo".

Outra boa dica é a afirmação de que há um objetivo comum na China, que é construir um país "de estudo, de inovação e de desenvolvimento sustentável", já que, segundo os autores, "uma nação bem organizada, unida e trabalhadora pode fazer milagres".

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Chineses estão satisfeitos com China

Quem trabalha para alcançar a China e o mercado chinês tem de saber que apesar das críticas que o país recebe mundo a fora por seu sistema de governo, o povo local foi apontado por uma pesquisa como o mais satisfeito "com os rumos do próprio país" . Os dados foram levantados pelo "Pew Research Center for the People & the Press" com a "2008 Attitudes Survey", realizada em 24 países, segundo artigo do editor-chefe da edição internacional da revista Newsweek, Fareed Zakaria, publicado pela revista Época.

Segundo o texto, foram ouvidos pessoalmente 3.212 chineses de 16 dialetos diferentes. Ele mesmo ressalta que indicadores apontam que a opinião é sincera, já que poderiam se sentir intimidados a criticar o governo central. Dos entrevistados, 86% estão satisfeitos com os rumos do país. A lista de satisfação trás na segunda colocação os australianos (61%), seguidos dos russos (54%) e espanhóis (50%). Os brasileiros estão na 12a colocação (31%) atrás da Tanzânia e à frente da Grã-Bretanha.

Os chineses também são os mais satisfeitos com a economia do país com índice de 82%, seguidos de australianos (69%), indianos (62%) e alemães (53%). Os brasileiros aparecem na nona colocação (41%) atrás do Egito e à frente da Nigéria.

Trata-se de uma informação importante. Principalmente para servir de norte para quem quer entender aquele país. As maiores críticas dos entrevistados, segundo Zakaria, se voltaram para "corrupção, degradação ambiental e inflação".

Na página do instituto na internet descobre-se que "mais de oito em cada dez chineses estão satisfeitos com o rumo do país", um crescimento significativo em relação ao ano de 2002, quando a marca era inferior a "cinco em dez". Em números, passou de 48% de satisfeitos em 2002 para 86% agora.

Em relação à própria vida, no entanto, é diferente. Com a vida familiar, 14% são muito satisfeitos, e 67% são satisfeitos. A soma de 81% dos entrevistado coloca os chineses em 29º lugar entre 47 países pesquisados no ano passado. Entre os que estão empregados, 4% são muito satisfeito com o trabalho e 60% se dizem satisfeitos. O índice de 64% coloca os chineses em 34º lugar entre 47 países.

Neste ano foram ouvidas 24.717 pessoas em 24 países, em 2007, 45.239 em 46 países mais territórios palestinos. O relatório completo sobre os chineses pode ser lido em inglês aqui.

A informação que poderá surpreender muita gente é que 76% dos chineses aprovam a "política do filho único", em que cada casal só pode ter um filho. A desaprovação é de 21% e os demais não opinaram. Mais surpreendente é que a variação na opinião é relativamente pequena nos quatro grupos de faixa etária. Entre quem tem 18 e 29 anos (e hipoteticamente em fase mais "fértil" da vida) a aprovação é de 77%; de 30 a 39, 72%; de 40 a 49, 79%; e com mais de 50, 75%.

O dado mais significativo aparece no meio rural, onde 28% desaprovam a política do filho único e pode-se suspeitar se tratar de conseqüência da maior necessidades de mais braços para o trabalho. Na cidade, 13% desaprovam. A pergunta era simples: "você aprova ou desaprova a política do filho único?".

Mudando de assunto, eles estão se achando: 77% acreditam que os demais países do mundo gostam da China e 10% acreditam que não gostam. A pergunta era "como você acha que as pessoas dos demais países do mundo se sentem em relação à China? Comumente gostam ou não gostam da China?"

A auto-estima chinesa também colocou as manguinhas de fora quando o assunto foi Olimpíada. Mesmo antes dos Jogos, 96% dos chineses acreditavam que os Jogos Olímpicos seriam um sucesso; 93% que ajudariam a imagem da China; 79% disseram que seria importante para eles "pessoalmente". Eles tinham razão.

Mas 75% deles acreditavam que a China ganharia mais medalhas. Como não estava especificado que eram de ouro, erraram. Os Estados Unidos ganharam mais. Mas por essa lógica americana, o Brasil foi o melhor país no torneio masculino de vôlei de praia, pois brasileiros conquistaram a prata e o bronze. Os americanos ganharam "apenas" o ouro.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

A Grande Passarela da China

Os Jogos Olímpicos de Beijing-2008 acabaram, mas as lembranças do que foi apresentado ficarão na memória por algum tempo. Foram dias intensos, para os que aderiram ao fuso horário chinês mesmo estando no Brasil e principalmente para os que puderam desfrutar dessa experiência in loco.

A China levou o mundo para uma viagem no tempo, lembrando a todos sua antiguidade e o mérito de ser uma das poucas culturas ancestrais a terem sobrevivido às mais diversas transições ao longo da história da humanidade. Se mostrou preparada para enfrentar não apenas o atual ciclo de globalização, mas para ajudar a contruir o que virá depois dele, suportando pressões estrangeiras, terremotos, enchentes e o que mais vier pela frente. A melhor forma de influenciá-los, mostra a história, é aprender como pensam, seus hábito e valores, mesmo que seja apenas para fazer bons negócios.

Não é pouca coisa ter cinco mil anos de história documentada e ainda ter energia para se manter na liderança. Os Jogos Olímpicos, que ajudaram Barcelona a se erguer e permitiu despertar o lado sensível dos soviéticos com o choro do urso Misha na cerimônia de encerramento da Olimpíada de Moscou-1980, agora ofereceram a oportunidade de todos despertarem para a existência da China, uma grande oportunidade de ambos os lados da Muralha.

Ao assistir ao encerramento de Beijing-2008 e ouvir o jornalista Marcelo Barreto dizer que não havia ocorrido em Pequim "o choro do Misha", o ápice para ficar no coração dos apaixonados pelo esporte, me perguntei em silêncio se o objetivo não seria esse mesmo: fazer uma grande festa, mas não ofuscar o momento mais marcante de encerramento de que se tem memória, um mérito dos soviéticos, tão próximos dos chineses, no momento em que a China se afastava do bloco soviético. Apenas um pensamento.

Ficou mais uma vez claro que tudo é questão de ponto de vista. A dublagem da pequena cantora e os virtuais passos do gigante que chegava ao Ninho do Pássaro são o quê na era das transmissões via satélite?

Cada um faz sua leitura, afinal, mesmo o que conhecemos por Grande Muralha da China poderia muito bem ser chamado de "Grande Passarela da China", afinal, quem a vê de fora a enxerga como uma barreira intransponível, mas quem está sobre ela tem outra noção, pois enquanto os inimigos tinham de se locomover subindo e descendo as escarpas das montanhas para atacar os chineses, os cerca de 100 mil soldados das tropas imperiais podiam rapidamente se mover em seus cavalos sobre os picos dessas montanhas, os que lhes dava sensível superioridade sobre seus adversários para manter o domínio do território conquistado, o que poderia inclusive dar um novo significado para a expressão "ficar em cima do muro". Depende do muro, do lado em que você está e de suas intensões.

domingo, 24 de agosto de 2008

Nível de excelência

O sistema econômico chinês começou a ser desenvolvido com a produção de produtos de baixa qualidade, base que possibilitou ao longo das últimas décadas o reinvestimento de recursos na busca da sofisticação percebida atualmente seja na reconstrução de Beijing ou no projeto espacial chinês.

A China fez a festa e dela saiu como campeã dos Jogos Olímpicos. Expôs seu padrão de qualidade, seu nível de excelência, expondo a idéia de que cada um deve explorar o que tem de melhor em si próprio, como implica todo o ensinamento de Kung Fu Zi, o Confúcio.

A partir de hoje, todo mastro terá imbutido ar comprimido para que as bandeiras se mantenham tremulando o tempo todo, em todo o mundo, em seu vento particular? Todas as cerimônias serão pontuais e sincronizadas?

O quadro de medalhas de Beijing-2008 mostra uma China campeã dos Jogos com 51 medalhas douradas, mas eles ainda obtiveram ouro em organização, em instalações olímpicas, em cerimônia de abertura, em transmissão de imagens em super câmera lenta, em cordialidade de seus voluntários, em sofisticação e harmonia.

Apresentaram ao mundo seu padrão de qualidade e se ofereceram como referência para o que pode ser feito de melhor para o futuro. Como os demais concerrentes lidaremos com isso? Iremos desdenhar essa cultura, essa eficiência, ou buscaremos o nosso melhor para não ficarmos distantes nos próximos Jogos e nas competições da vida cotidiana?

O modelo é chinês e só se aplica por lá. Qual será o nosso modelo? O que ofereceremos ao mundo e o que faremos por nós mesmos? A China demonstrou, disputa a disputa, que a vida não é brincadeira de criança, apesar de elas fazerem parte. O que nós faremos pelas nossas?

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Confúcio e os brasileiros em Beijing-2008


Se Confúcio foi personagem marcante na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos, seus ensinamentos poderiam se aplicar a vários personagens brasileiros que estiveram em Pequim ou que os acompanharam. Conheça algumas frases creditadas ao filósofo chinês e a quem poderiam estar ligadas. (Frases retiradas de http://www.pensador.info/)


"Se não sabes, aprende; se já sabes, ensina"
(Marta, da seleção feminina de futebol)

"O silêncio é um amigo que nunca trai"
(João Derly, do judô)

"O homem de palavra fácil e personalidade agradável raras vezes é homem de bem"
(Bernardo Rezende, o Bernardinho, técnico da seleção masculina de vôlei)

"A preguiça caminha tão devagar que a pobreza não tem dificuldade em a alcançar"
(Dirigentes esportivos)

"Eu não procuro saber as respostas, procuro compreender as perguntas"
(Intérpretes)

"Exige muito de ti e espera pouco dos outros. Assim, evitarás muitos aborrecimentos"
(Fabiana Murer, do salto sem uma das varas)

"O homem superior atribui a culpa a si próprio; o homem comum, aos outros"
(organização dos Jogos, que culpou Fabiana Murer pelo sumiço de uma vara)

"Transporta um punhado de terra todos os dias e farás uma montanha"
(Formiga, da seleção feminina de futebol, que empatou jogo contra a Alemanha nas semifinais)

"Sonhar com o impossível é o primeiro passo para torná-lo possível"
(César Cielo, nadador medalha de bronze nos 100m que sonhou que conquistaria o terceiro lugar na final mesmo nadando na raia 8, a pior das piscinas)

"Homem superior é aquele que começa por pôr em prática as suas palavras e em seguida fala de acordo com as suas ações"
(César Cielo, nadador campeão olímpico nos 50m livre, que após conquistar o bronze nos 100m, chorando, disse que iria ganhar os 50m)

"Não corrigir nossas falhas é o mesmo que cometer novos erros"
(Daiane dos Santos, que voltou a sair do quadrado na prova de solo, assim como em Atenas-2004)

"Ultrapassar os limites não é um erro menor do que ficar aquém deles"
(Daiane dos Santos, que voltou a sair do quadrado na prova do solo, assim como em Atenas-2004)

"Para conhecermos os amigos é necessário passar pelo sucesso e pela desgraça. No sucesso, verificamos a quantidade e, na desgraça, a qualidade"
(Maurren Maggi, saltadora do atletismo, que já foi suspensa por doping)

"Conta-me o teu passado e saberei o teu futuro"
(Leandro Guilheiro, do judô, bronze em Pequim, assim como em Atenas-2004)

"A nossa maior glória não reside no fato de nunca cairmos, mas sim em nos levantarmos sempre depois de cada queda"
(Diego Hypolito, campeão mundial da ginástica)

"Se queres prever o futuro, estuda o passado"
(Jadel Gregório, triplista do atletismo, que teve problemas na Olimpíada de Atenas-2004)

"A humildade é a única base sólida de todas as virtudes"
(Tiago Camilo, campeão mundial de judô, prata em Atenas-2004 e que ficou satisfeito ao conquistar o bronze em Pequim)

"Qual seria a sua idade se você não soubesse quantos anos você tem?"
(Ana Marcela Cunha, 16 anos, quinta colocada na maratona aquática)

"Sem uma língua comum não se podem concluir os negócios"
(Oleg Ostapenko, técnico ucraniano da ginástica brasileira)

"Escolhe um trabalho de que gostes e não terás de trabalhar nem um dia na tua vida"
(Ricardo e Emanuel, do vôlei de praia)

"Age antes de falar e, portanto, fala de acordo com os teus atos"
(Ex-atletas-comentaristas nas TVs)

"Coloque a lealdade e a confiança acima de qualquer coisa; não te alia aos moralmente inferiores; não receia corrigir teus erros"
(Árbitros)

"Até que o sol brilhe, acendamos uma vela na escuridão"
(Bolsa atleta do governo federal que destina 2.500 reais mensalmente a atletas sem clube e sem patrocínio)

"Não são as ervas más que afogam a boa semente, e sim a negligência do lavrador"
(Giba, da seleção masculina de vôlei já suspenso por doping por consumo de maconha)

O mestre disse: "Pode-se induzir o povo a seguir uma causa, mas não a compreendê-la"
(Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro)

"O mestre disse: "Por natureza os homens são próximos. É a educação que os afasta"
(Rodrigo Pessoa, do hipismo)

"Ver o bem e não fazê-lo é sinal de covardia"
(Ronaldinho Gaúcho, da seleção masculina de futebol, que deixou a desejar)

"Não há coisa mais fria do que o conselho cuja aplicação seja impossível"
(As duplas femininas de vôlei de praia que perderam para as imbatíveis americanas Walsh e May apesar de todo o incentivo mútuo entre as parceiras)

"O homem que é firme, paciente, simples, natural e tranqüilo está perto da virtude"
(Robert Scheidt, campeão mundial da classe star da vela)

"Saber o que é correto e não o fazer é falta de coragem"
(Dunga, técnico da seleção masculina de futebol, que só colocou Alexandre Pato em campo quando a Argentina já vencia por 2 a 0)

"Somente os extremamente sábios e os extremamente estúpidos é que não mudam"
(José Roberto Guimarães, técnico da seleção feminina de vôlei, que perdeu em Atenas, mas não desistiu do desafio em Pequim)

"O verdadeiro saber consiste em saber o que sabemos e também em saber o que não sabemos"
(Juliana Veloso, dos saltos ornamentais)

O mestre disse: "Quem se modera, raramente se perde"
(Fernanda Oliveira e Isabel Swan, que conquistaram a medalha de bronze na classe 470, confirmada na última regata)

"A essência do conhecimento consiste em aplicá-lo, uma vez possuído"
(Brett Hawke, técnico australiano de César Cielo que o fez acordar às 6h30 da manhã para competir às 10h30 por saber que o corpo leva quatro horas para acordar)

"Para que nos preocuparmos com a morte? A vida tem muitos problemas que temos de resolver primeiro"
(Da família de César Cielo, que escondeu por um mês a morte do avô, a quem o agora campeão olímpico era muito apegado, para não atrapalhar sua preparação)

"É preciso que o discípulo da sabedoria tenha o coração grande e corajoso. O fardo é pesado, e a viagem, longa"
(Luciano Corrêa, campeão mundial de judô, eliminado na repescagem por ippon)

"Da força à injustiça há só um passo"
(Eduardo Santos, do judô, eliminado por decisão dos juízes após luta que acabou empatada)

"Nem todos podem ser ilustres; mas todos podem ser bons"
(Thiago Pereira, da natação, que conquistou seis ouros no Pan Rio-2007 e ficou sem medalha em Pequim, onde nadou contra Michael Phelps)

"Há três métodos para ganhar sabedoria: primeiro, por reflexão, que é o mais nobre; segundo, por imitação, que é o mais fácil; e terceiro, por experiência, que é o mais amargo"
(Seleção feminina de basquete, que teve uma campanha péssima, mas foi aos Jogos, diferentemente da seleção masculina)

"Quando os médicos diferem, o paciente morre"
(Juliana, do vôlei de praia, que ao insistir em tentar se recuperar de lesão no joelho, impediu que sua parceira, Larissa, jogasse com a substituta que desejava, Sandra, e teve se aceitar Ana Paula, com quem não tem afinidade)

"Não importa o quanto você vá devagar desde que não pare"
(Luciano Pagliarini, último colocado no ciclismo, que se obstinou em completar a prova mesmo com dores provocadas por um cálculo renal)

"Deves ter a cabeça sempre fria, o coração sempre quente e a mão larga"
(Gustavo, da seleção masculina de vôlei)

"Para onde quer que vá, vá toda, leva junto teu coração"
(Cristiane, da seleção brasileira de futebol, que acabou com jogo semifinal contra a Alemanha)

"Cuida de evitar os crimes para que não seja obrigado a puni-los"
(Eduardo de Rose, médico do Comitê Olímpico Brasileiro responsável pelo antidoping)

"Ainda não vi ninguém que ame a virtude tanto quanto ama a beleza do corpo"
(Flavia Delaroli, da natação, que ficou na 22a. colocação nos 50m livre)

"Não te preocupes com os que não te conhecem, mas esforça-te por seres digno de ser conhecido"
(Ketleyn Quadros, do judô, medalha de bronze, primeira mulher brasileira a conseguir medalha em um esporte individual)

"Quem de manhã compreendeu os ensinamentos da sabedoria, à noite pode morrer contente"
(Fabio e Márcio, dupla do vôlei de praia que comemorou com volta olímpica a vitória nas semifinais sobre os também brasileiros Ricardo e Emanuel, seus ídolos)

"O sábio envergonha-se dos seus defeitos, mas não se envergonha de corrigi-los"
(Keila Costa, que se classificou para as finais do salto em distância depois de queimar o primeiro salto, conseguir insuficientes 6,44m no segundo e alcançar 6,62m no terceiro)

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Os Jogos pela visão dos provérbios



A cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos Beijing-2008 colocou o pensador chinês Confúcio no mesmo patamar das grandes invenções chinesas, então passa a ser natural recorrer a ele para analisar o que se passa por lá, seja o que for: o desempenho dos brasileiros, dos chineses ou de quem quer que seja.

"Suì hán rán hòu zhī sōng băi" [Suì rán ján ròu tzhī sōn păi] trata dos momentos de estresse e significa alguma coisa como "Apenas no inverno mais severo os pinheiros demonstram seu vigor" e se refere ao fato de que só é possível conhecer verdadeiramente alguém depois de passar por uma dificuldade considerável. Metaforicamente, as Olimpíadas oferecem incontáveis exemplos desses momentos, seja na desistência do herói nacional chinês Liú Xiáng [Lióu Xián], campeão mundial e olímpico, de disputar os 110m com barreiras devido a uma lesão, na eliminação do judoca brasileiro bicampeão mundial João Derly em sua segunda luta, ou na queda do ginasta brasileiro campeão mundial Diego Hypolito em seu último movimento na disputa de solo.

Conta-se que o ditado surgiu quando Confúcio fez um elogio a seu discípulo favorito, Zi Lu, dizendo que "Apenas Zi Lu conseguia se apresentar bem tanto na companhia de funcionários quanto na de nobres quando se vestia com peles". O aprendiz sorriu orgulhoso, e então o mestre recitou "Como podem dar erradas as coisas para um homem que não é invejoso e nem ganancioso?"

O jovem repetiu a frase algumas vezes e então ouviu de Confúcio: "Não é suficiente para um homem recitar as palavras, pois ele deve aguardar o teste da vida real. Apenas o inverno mais rigoroso leva alguém a compreender que os pinheiros são os últimos a definhar."

Mesmo entre os pinheiros há os que não conseguem resistir aos mais rigorosos invernos.

"Yŏu zé găi zhī, wú zé jiā miăn" [
Yŏu tzé kăi tzhī, wú tzé tiā miăn] ou "Corrija os erros que cometeu e se resguarde dos que não cometeu" foi inspirado em um dos seguidores de Confúcio, Zeng Shen, que se impunha uma disciplina moral muito rígida e dizia aos demais que ao final de todos os dias se fazia três perguntas? "Eu fiz o meu melhor para ajudar os outros? Eu fui honesto e verdadeiro quando discuti com meus amigos? Eu repassei o que aprendi com meus professores?"

As palavras de Zeng Shen foram publicadas depois por Zhu Xi, um filósofo chinês que viveu entre os anos 1130 e 1200 d.C., e que comentou: "Com essa preocupação, Zeng Shen podia corrigir os erros que cometeu e se proteger dos que não cometeu." Virou um ditado.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Às fábulas chinesas


Os três ratos

Três ratos famintos viram uma grande tigela com oléo e rapidamente deram um jeito de subir até seu topo, os três, e ao chegarem lá em cima descobriram que havia pouco oléo para que eles consumissem. Mas pior que isso, a tigela era alta demais para que eles conseguissem beber.

Olharam uns para os outros e chegaram a uma solução: cada rato seguraria o rabo de um outro entre seus dentes de forma que o que estivesse na ponta conseguiria beber uma parte do óleo do fundo da tigela, e todos beberiam enquanto se revezassem nas posições. Os três prometeram que nenhum deles seria egoísta.

Enquanto começava a beber, o primeiro rato pensou com si próprio: "Não há muito óleo e tive muita sorte de ser o primeiro a beber. Então, vou me saciar."

O ratinho que estava pendurado entre os outros dois pensou com ele mesmo: "Não há muito óleo e o que eu vou beber se acabar tudo? Acho melhor soltá-lo, pular lá dentro e beber a minha parte."

Mas ele era preso pela cauda pelo último rato, que estava apoiado na borda, sustentando os outros dois. E ele pensou com si próprio: "Não há muito óleo. Será que eles vão deixar a minha parte? Acho melhor soltá-los e pular lá dentro para beber minha parte."

Quase simultaneamente, o segundo rato soltou o último, enquanto tinha a cauda solta pelo primeiro e caíam os três dentro da tigela, de onde nunca mais conseguiram sair.



Dúvida

Quem é mais admirável? O sol que ilumina o dia ou a lua que brilha no escuro?



O gato e o alazão

O gato estava no portão e viu passar um alazão montado por um príncipe e ficou encantado com os guizos que adornavam sua sela e como o som que emitiam e a luz do sol que refletiam deixavam a montaria imponente e assustadora e enquanto lambia uma das patas dianteiras imaginou o efeito que guizos fariam sobre si. "Se eu tivesse sinos como esses em torno do meu pescoço, os ratos ficariam amedrontados assim que me vissem ."

Procurou e procurou até encontrar um guizo que pudesse satisfizer seu desejo e voltou para a casa de seus donos todo pimpão, fazendo cara de mau. Mas assim que ouviam o guizo soar, os ratos sabiam exatamente onde o gato estava e tranqüilamente sabiam a hora em que podiam deixar o buraco para roubar a comida do lar.

E o gato ficou orgulhoso ao perceber que nenhum rato ousava aparecer à sua frente desde então.


A bicicleta e o sinal de trânsito

As bicicletas são muito queridas na China e por isso mesmo poderiam ser muito vaidosas, como suspeitava um sinal de trânsito, que um dia resolveu questionar uma delas perguntando: "Bicicleta, você é muito segura de si, nunca a vi parar quando passa por mim. Você não teme cair por aí?"

A pressa de sempre não impediu a bicicleta de ficar assombrada com a dúvida do sinal de trânsito. Reduziu um pouco a velocidade, encarou o curioso sinal e respondeu rapidamente antes de acelerar: "Como bicicleta que sou, só cairia se parasse de correr."



O rato e o chifre

Um rato se enfiou dentro de um chifre de boi e não conseguia encontrar o caminho de saída. Entrou e entrou, cada vez mais fundo, até ouvir do chifre: "Por favor, recue, meu amigo. Quanto mais você avançar, mais apertado irá ficar."

Mas o roedor não estava acostumado a ser tuteado e debochou do conselho. "Sou um herói na minha família e sempre superei todas as dificuldades, sempre avançando e nunca retrocedendo", disse com um tom de voz contrariado.

"Mas você pegou um caminho errado!", alertou inutilmente o chifre. "Obrigado, mas eu vivi em buracos toda a minha vida, como eu poderia estar errado agora?", retrucou o rato, instantes antes de morrer sufocado.


A resposta da lua

Em uma noite que parecia dia, a lua reinava resplandecente no céu fazendo gritar o topo das montanhas que determinavam os limites da cidade, para deleite de um viajante que por ali passava e não suportou manter-se calado. "Como és bela, mais sol que o próprio sol, que controla apenas o dia enquato tu vives o dia e predomina na noite. És um anjo sagrado, a esperança da humanidade, pois garantes a luz que afasta a escuridão total."

Exatamente no mesmo momento, um ladrão espreitava em uma esquina o turista e se dirigia também à lua. "Desapareça daqui, seu demônio gelado. Pudesse eu e a envolveria em uma nuvem negra eternamente para que nunca mais mostrasse essa cara pálida que me impede de agir com tranqüilidade."

Incrédulos, ouviram os dois, o poeta e o ladrão, a lua se manifestar em sua luz terna e eterna. "Não sou melhor que o sol, de quem empresto a luz, nem aos títulos de anjo sagrado ou demônio faço jus. Sou apenas eu mesma, lua que os conduz."

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Abertura olímpica para o mundo




A China conseguiu. "A China buscava o respeito e a admiração do mundo. Em quatro horas, a China conseguiu", disse a correspondente da Globo em Paris, Sônia Bridi, que viveu em Pequim e confessou ter chorado no momento em que a pira olímpica foi acesa, hoje, abrindo os Jogos Olímpicos de Beijing-2008.

Uma apresentação imponente, impressionante de bela, sincronizada e contagiante. Com 2008 fous - um antiqüissimo instrumento chinês de percussão. Fiquei na dúvida se as luzes acendiam (foto) quando os músicos tocavam ou se eles batiam no momento em que a lâmpada acendia. Isso porque o resultado da contagem regressiva para uma viagem ao passado de glórias da China foi divina de tão precisa. Para mim, esse foi o ponto alto da festa entre as apresentações.

Mas a sincronia de todos os elementos, não apenas com os fous, mas durante toda a festa, foi encantadora. É verdade, desde Barcelona-1992, quando a cerimônia de abertura passou a acontecer à noite, as festas são deslumbrantes, como lembrou o jornalista André Fontenelle em seu blog Jin Pai em Época. Mas como é bom que sejam sempre lindas assim! É revigorante para os povos, como foi motivo de orgulho para o brasileiro a do Pan do Rio-2007.

A pintura realizada durante a cerimônia, por mãos de crianças e artistas e pelos pés dos atletas que desfilaram sobre ela ficará para a história, e não tem valor. Como não tem valor uma medalha olímpica de ouro e nem mesmo as de prata e bronze.

Ao organizar a entrada das delegações no Estádio Olímpico pela ordem da escrita chinesa, não só o país demonstrou estar disposto a escrever a história de sua forma tradicional, com o número de traços de um ideograma definindo sua posição em relação aos demais, como ainda criou a oportunidade de receber em seu Ninho do Pássaro as superpotências antagônicas EUA e Rússia lado a lado, separadas apenas pela delegação da Síria.

Muito significativo adversários tão ferrenhos da Guerra Fria se postarem lado a lado na China, cada um com seus interesses próprios e seu modo de conquistá-los. Principalmente porque a China aderiu aos Jogos Olímpicos depois que os EUA boicotaram os Jogos Olímpicos de Moscou-1980, se destacando do bloco comunista soviético quando este optou pela reciprocidade e boicotou Los Angeles-1984, a primeira Olimpíada da China. Para mim, o ponto alto da festa entre todas as expressões políticas que cercam os Jogos.

A festa de hoje em Pequim acontece sobre o slogan "One World One Dream" ou "Um Mundo Um Sonho". A superpotências estão juntas escrevendo o futuro da humanidade também nesta e nas futuras Olimpíadas, assim como em seus intervalos. Um mundo multipolar é o que desejam os chineses.

Sônia Bridi lembrou ser muito significativo quando em um país em que os valores coletivos são tão marcantes, um indivíduo se destaca, como no momento em que o ginasta Li Ning acendeu a pira olímpica "voando". Acrescento ser mais significativo ainda por quantas mãos passou a chama olímpica até que Li Ning a recebesse para, por outras mãos, ser içado até o imenso pavio. É quase uma proposição: trouxemos o fogo até aqui, o que vamos fazer com ele?

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Sônia Bridi dá dicas para quem vai à China


Na última edição da "Revista O Globo", a correspondente da Globo em Paris - e que já viveu em Pequim -, Sônia Bridi, escreveu uma coluna interessante com dicas para quem vai para a China. Segunda ela, uma boa forma de conhecer o país é levar consigo a curiosidade, mas deixar no Brasil o preconceito, pois garante não ser possível generalizar ou resumir a China, um continente por si só, com oito vezes a população do Brasil em seu território.

Fez questão de lembrar que há problemas sérios por lá, como há também no Brasil, além de outros que não são vistos por aqui. E acrescentou um "mas", pois com os problemas existentes, conseguiram implantar um planejamento, um projeto de país que retirou 800 milhões de chineses da miséria em 25 anos, além de colocar 400 milhões na classe média, praticamente o dobro da população brasileira.

Chamou atenção para a infra-estrutura moderna e bem construída de lá. E argumentou que se for tirado o mérito da China por buscar seu desenvolvimento no que ela classificou como "a maior história de ascensão social já vista pela Humanidade" estaremos - ela se expressou dessa forma - desperdiçando uma oportunidade de aprender a encontrar um caminho de saída da miséria.

Assim como fez no Programa do Jô, ela lembrou sim das escarradas e cuspidas que realmente enojam os ocidentais. Cita haver explicação na tradicional medicina chinesa para isso, mas lembrou também que atualmente essas cuspidas não são feitas no chão de terra batido de outrora, que a tudo absorvia. Atualmente, Pequim é bem pavimentada e arborizada, com equipamentos para exercícios físicos disponibilizados pela prefeitura para promover a saúde e bancos para os moradores se sentarem. E talvez observarem as diferenças culturais.

Ela propôs que ao invés de se preocupar com o que muitos comem de exótico, o visitante dê atenção à diversidade de pratos disponíveis e à quantidade de ingredientes utilizados.

Mas uma dica parece ser fundamental: se você quiser beber Coca-Cola, deve saber que eles nunca servem nada gelado e, por isso, seu vocabulario em Pequim tem de contar com [pīn kuèrrr], com uma pronúncia que lembra o sotaque do interior de São Paulo e corresponde ao que chamamos de gelo.

Beber água quente em um dia de calor? Ela aconselha sentir se o dia não está muito seco? Eles bebem na temperatura que permite ao corpo se a hidratar mais rapidamente. Em outra dica, sugere saborear chás de crisântemo ou jasmim ou verde com o almoço. Para quem prefere uma cerveja, é difícil aceitar que isso pode ser mesmo bom. Ela garante ser saudável e delicioso.

Em sua opinião, a atual geração de chineses se sacrifica para que a próxima viva melhor e compara a pais que se esforçam pelo bem do filho. Ela lembra que há 2.000 anos os chineses fazem concursos públicos para escolherem as autoridades do país.

Sônia Bridi publicou recentemente um livro, que ainda não li, chamado "Laowai - Histórias de uma repórter brasileira na China". Deve haver muitos pontos de vista interessantes para quem tem interesse em conhecer melhor a China. O texto na Revista O Globo é muito significativo.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

China pós Olimpíada


Por ser fundamental pensar à frente dos concorrentes para conseguir resultados mais satisfatórios, a menos de um mês dos Jogos Olímpicos de Pequim, a partir de 8 de agosto, há os que já estão olhando no calendário para outubro, quando começa a "Chinese Export Commodities Fair", do dia 15 até 6 de novembro. A Feira de Cantão é a maior feira de exportação da China e nas últimas edições também esteve aberta às negociações para importação de produtos, uma oportunidade para o comércio bilateral.

O momento é favorável. O G1 publica que "o Brasil quer fazer da China seu maior parceiro comercial", segundo informação da agência chinesa de notícias, a Xinhua, citando o secretário de comércio internacional do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Welber Barral. A matéria lembra que "o volume de comércio bilateral saltou em dez vezes entre 2000 e 2006, principalmente nas áreas de produção agrícola e matérias-primas" e divulgou que o vice-ministro de Comércio da China, Ma Xiuhong, acredita haver "muito potencial para os dois lados impulsionarem o comércio, particularmente nos setores de ciência, tecnologia, agricultura e recursos naturais".

Outro dia fiz um levantamento no site do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio para uma matéria e descobri que de 2003 a 2007 aumentou de 1.635 para 2.160 o número de empresas brasileiras que exportam para a China, um crescimento de cerca de 32%. No mesmo site descobri que o número de empresas que importam da China subiu de 4.737 em 2003 para 12.325 em 2007. Ou seja, houve um acréscimo de cerca de 160% no total de empresas que trazem produtos da China no mesmo período, mesmo com muitas sendo filiais de uma mesma empresa.

Segundo matéria de Sonia Martello, de Guangzhou (Cantão), para a revista Comércio & Serviços número 3, são 14 mil expositores de 17 setores da economia na Feira de Cantão, visitada por "220 mil empreendedores de 210 países" na última edição, encerrada em 30 de abril, na qual teriam sido movimentados US$ 80 bilhões em negócios. Desses, 1,6 mil eram Bā xī rén [pa xi gen] ou brasileiros, que fica mais fácil de entender. A área de exposição tem quatro vezes o tamanho do Parque de Exposiões do Anhembi.

São números que seduzem tanto quanto o canto da sereia, mas é necessário ter conhecimento profundo da realidade da cultura de negociação local para fazer bons negócios. O ideal é ir várias vezes para assimiliar as peculiaridades e conhecer os fornecedores. Preços muito baixos estão ligados a mercadorias com qualidade compatível; apesar de vendedores se expressarem muito bem em inglês, serão os chefes deles que decidirão as condições da negociação e os prazos e eles só falam chinês. É fundamental ter um intérprete. A conversa pode ser longa, pois o chinês gosta de saber com quem negocia.

A revista tem uma dica para quando você estiver com um chinês: de forma alguma deixe à mostra a sola dos sapatos - nem mesmo ao cruzar as pernas. Trata-se de um grande desrespeito. Ao negociar, pense nos hábitos cotidianos dos chineses.

A Chinatur, que replica o conteúdo deste blog em sua página na internet, disponibiliza pacotes de viagem para a Feira de Cantão com saída prevista para o dia 11 de outubro a preços a partir de 3.490 dólares (turismo do dia) mais taxas, com opção de acrescentar três noites em Pequim. Maiores informações podem ser obtidas pelo telefone 11.3112.0022.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

RMB não se chama yuán


Os chineses têm formas bastante peculiares de contar. Para se ter uma idéia, assim como usamos "seis" para contar qualquer coisa e "meia" para falar o número de um telefone, o número dois para eles se chama "èr" mas quando contam algo usam "lián". E assim como em português "meia" e "seis" são palavras diferentes, em chinês "èr" e "lián" têm ideogramas diferentes: "二" e "两".

Só que no modo chinês de pensar, conta-se de forma diferente do que no ocidente. Os chineses têm um elemento extra na cultura deles que convencionou-se chamar de "classificador". Quando você conta duas canetas, você não diz apenas "duas canetas" você diz "duas zhī canetas". Para esse "zhī" não existe tradução porque não existe aplicação para nós. Para três homens é "três ge homens". "Este carro" dizem "este bù carro". Não é da nossa cultura usar isso, mas eles fazem e fazem mais. Tiram o substantivo da frase e usam apenas o classificador, de forma que "duas canetas" vira "duas zhī", "três homens" pode virar "três ge".

Para dinheiro, eles têm esse classificador, também. Sua pronúncia é "yuán", de forma que o dinheiro deles não se chama yuán, apesar de ser utilizado de forma generalizada na imprensa internacional. O dinheiro deles se chama Rén Míng Bì, que significa moeda do povo, cuja abreviação é RMB, da mesma forma que nosso dinheiro se chama Real e sua abreviação é R$, o Dólar é abreviado para US$ e o Euro para €.

Assim como usam Rén Míng Bì para a própria moeda, para o dinheiro dos Estados Unidos (Mĕi Guó) usam Mĕi Yuán e para a da Europa, Ōu Yuán. O Real aparece escrito Hēi Ào (o "h" é pronunciado como "r").

É da nossa cultura fazer algo diferente. Algo que custa 3 mil reais vira "3 paus" sendo que já foi "3 barões", quando o Barão do Rio Branco estampava a nota de mil cruzeiros. E é da cultura dos chineses fazer algo bastante parecido. Informalmente, o classificador "yuán" foi substituído por "kuài", sendo normal ouvir que o preço de algo é "cinco kuài". Eles têm também o "centavo" deles, que se chama "fēn". E têm mais uma coisa que não usamos aqui, unidade de "dez centavos", que é pronunciado "jiăo" mas popularmente conhecido como "máo", de forma que "30 centavos" é "três máo", "70 centavos", "sete máo".

terça-feira, 6 de maio de 2008

O Século da China


Você sabia que em um casamento tradicional chinês a noiva usa um vestido vermelho? E que chineses usam bicicletas elétricas, que fazem cerca de 80 quilômetros com 20 centavos de dólar de carga para carregar sua bateria, para se deslocarem fazendo menos esforço? E que a partir de 1995 foram criados no país cerca de 30 mil áreas de recreação a céu aberto para que os idosos pudessem fazer exercícios físicos? E que há 40 milhões de ditos cristãos na China? Uhm... E que existem escolas para que os pais aprendam e discutam entre si formas de lidar com seus filhos únicos? Sabia?

Essas informações todas estão na últida edição da revista National Geographic Brasil, um volume refinado, com incrível edição de fotos. Os textos retratam muito do cotidiano dos chineses e tratam dos graves problemas causados pela perturbadora poluição que alcança também o rio Amarelo, "que nos últimos 2,5 mil anos transbordou e mudou de curso mais de 1,5 mil vezes, ganhando o apelido de 'Tristeza da China'". O link deste parágrafo oferece várias imagens que não estão na edição impressa.

Um gráfico aponta que em conseqüência da política do filho único, a partir de 2015 vai diminuir o número de pessoas no mercado de trabalho, mas ressalva que não faltará gente para trabalhar devido à absorção de mão-de-obra do campo nas cidades.

Vale muito a pena a leitura até para aprender como é feito o bombardeio de iodeto de prata nas nuvens para que chova em locais determinados.

O editor da revista, Ronaldo Ribeiro, esteve por três meses na China em 1985, quando, segundo ele, os chineses tinham medo de ficar próximos a estrangeiros, que podiam usar poucos hotéis. Ele conta na edição que os carros andavam com faróis apagados para que as lâmpadas fossem poupadas. Mas 22 anos depois, não há mais sinal dos arruinados táxis, que agora são Audis - e andam com os faróis bem acesos.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Escreva em inglês, se comunique em chinês


Estudar mandarim não é uma tarefa nada simples, pois depois que se consegue aprender o significado e a pronúncia correta de um ideograma vem a parte mais difícil de todas, que é a manutenção, trabalhar para não esquecer o significado de cada um e no que se transformam quando estão com outros.

Mas como já há aqueles que vivem em conexão permanente com uma rede, seja via celular ou modem sem fio, um tradutor de textos deverá ajudar os que precisem, de repente, se comunicar em mandarim, também conhecido como chinês.

No FreeTranslation um texto é digitado em inglês e on line ele é traduzido para o mandarim simplificado, de forma que "My name is Valmir" vira "我的名字是 Valmir".

Tem sido útil para um paulista que conheceu uma chinesa em um site de relacionamentos e agora está morando na China com ela. Ela não fala inglês muito bem, ou pelo menos não demonstra para ele saber falar tão bem, então, quando precisam decidir algo muito importante, vão os dois para a frente da tela de um computador e "negociam" por escrito, com a ajuda desse tradutor. Têm histórias ótimas os dois, mas não vêm ao caso agora.

Em caso de apuros, se houver um computador conectado por perto, vale a pena tentar. É uma chance a mais de ser compreendido. Por enquanto é o que se pode fazer, até a Microsoft colocar no mercado seu tradutor simultâneo no MSN, que irá traduzir de inglês para português, chinês, árabe, alemão e outras línguas, como o japonês, por exemplo. Enquanto se fala.

Esta última dica é do blog do Lorenzo Madrid, que esteve recentemente em Pequim, Edimburgo, Santiago do Chile etc. A CNet TV fez uma materiazinha a respeito. Por enquanto pode-se usar o tradutor Windows Live , que também traduz do inglês para o chinês. Mas interessante mesmo será quando o Helvecio Ribeiro terminar seu trabalho no tradutor do MSN. Quem sabe não fica mais fácil encontrar alguém que ajude nos estudos de mandarim...

terça-feira, 8 de abril de 2008

China, uma potência marítima



A afirmação do arquiteto inglês Norman Foster de que a experiência dos chineses em construir navios foi determinante na construção do Teminal 3 do Aeroporto Internacional de Pequim trouxe à memória uma edição da revista Superinteressante de dezembro de 2006, que falava de viagens chinesas ao redor do mundo em 1421, logo após a inauguração da Cidade Proibida, que tinha 1.500 vezes o tamanho da cidade de Londres murada, no início da Dinastia Ming. A população era 50 vezes maior.

A publicação tratava do livro “1421 – O Ano em que a China Descobriu o Mundo”, do inglês Gavin Menzies. Percorri alguns sebos e acabei comprando o livro no Estante Virtual, site na internet que centraliza o acervo de pelo menos 800 sebos ao redor do Brasil.

Estou na página 333 de 550, mas estou espantado desde o início. Após 14 anos de pesquisas e viagens ao redor do mundo, muitas vezes dentro do submarino que comandava como membro da “Real Marinha Britânica”, o autor refez viagens desenvolvidas por frotas chinesas em 1421 a 1423 para narrar o encontro desse povo com culturas tão antigas quanto a sua própria, como os maias. Menciona, por exemplo, a beleza da cidade maia de Palenque, em Chiapas, no México. Visitou "mais de 900 museus" e conversou com especialistas, além de citar uma bibliografia incrível.

Com afirmações contundentes como (em 1421) “os chineses tinham mais de seis séculos de experiência em navegação oceânica” e também “na construção de compartimentos de colisão, que são espaços (submersos) fechados, à prova d´água, esgotados com uso de bombas de rosca [de parafuso ou helicoidal] tipo ‘Arquimedes’ [séculos antes de Leonardo da Vinci tê-las ‘inventado’], o que permitia que trabalhassem abaixo da linha de flutuação. Em começos do período Ming, dispunham mesmo de equipamento de mergulho com tubos de respiração e máscaras”, Menzies vai demolindo página a página todo o conhecimento passado em relação aos descobrimentos, afirmando categoricamente que os europeus chegaram às Américas e à Austrália graças a mapas produzidos por chineses. Palavra de inglês.

Segundo ele, em 1428, Pedro (o Duque de Coimbra, "Príncipe das Sete Partidas", segundo a Wikipedia, filho mais velho do Rei de Portugal Dom João I e irmão de Dom Henrique, o Navegador) teria obtido em Veneza um mapa do mundo que continha descritas todas as partes do mundo e da terra. (página 123) O tal mapa teria sido produzido por chineses e fundamental para guiar os portugueses.

Embasa suas descobertas no conhecimento adquirido na leitura de cartas náuticas e vai fundo nas citações tanto de mapas quanto no trabalho em rochas nas quais os chineses teriam deixado suas marcas ao redor do mundo, em uma postura anti-preservacionista, mas que permitiu a ele identificar os rastros chineses. Chega um momento da leitura em que fica difícil decidir se o mais fantástico era os chineses fazerem o que ele diz que faziam ou ele próprio ter conseguido reconstruir tudo aquilo.

Em relação às Américas, cita e localiza em mapa 11 evidências que provariam a presença chinesa no continente antes de Cristóvão Colombo, entre elas um junco afundado e a existência de uma aldeia chinesa e de pessoas que falavam chinês em Sacramento (EUA); a presença de uma âncora chinesa em Los Angeles (EUA), arte rupestre em caverna no México, onde há também corantes desenvolvidos sob influência de chineses; existência de galinhas asiáticas; índios venezuelanos com DNA chinês; aldeia no Peru de pessoas que falam chinês, país onde foram encontrados bronzes com inscrições chinesas; e âncoras e anzóis chineses encontrados no Equador.

Um junco chinês, chamado Ba Chuan [pronuncia-se Pa Tchuan], teria cerca de 135 metros de comprimento, um monstro na comparação com as Caravelas portuguesas de cerca de 20 metros, como o faz a Superinteressante e também esta imagem aí abaixo. Segundo o autor, em 1421, a segunda esquadra mais poderosa era a de Veneza, que contava com 300 galeras, cujas maiores mediam 45 metros de comprimento e 6 metros de largura e transportavam 50 toneladas de carga, enquanto um Ba Chuan chinês podia transportar 200 toneladas de carga. A China dispunha de cerca de 3.750 embarcações, que para serem construídas consumiram literalmente florestas inteiras e muitas reservas financeiras do país, com um impacto ambiental e econômico que acabou culminando com a queda do imperador pouco tempo depois. Eram 250 navios de tesouro, 1.350 barcos de patrulha, outros 1.350 navios de guerra, 400 navios maiores de guerra e 400 cargueiros para transporte de cereais, água e cavalos.

É impressionante a quantidade de detalhes sobre os chineses e muitos outros povos dessa época medieval, como as comparações em relação ao que representava a Europa nessa época, também destacado na revista. O autor faz comparações a todo instante, como: “Os cientistas europeus só comprovaram no século XVIII o que os chineses sabiam havia séculos, isto é, que algumas plantas podem indicar a presença de ouro e outros metais.”

Ou então: “os europeus dessa época eram quase os únicos a comerem galinhas e seus ovos. No sudeste da Ásia e na China, as galinhas serviam para um fim inteiramente diferente. Nos costumes divinatórios chineses (...) as galinhas melanóticas protegiam o lar de maus espíritos.” Curioso é que atualmente, aqui no Brasil, se fala o mesmo dos gatos. Para esses chineses, provavelmente, comer galinha era tão estranho quanto para nós parece ser comer cachorro... É a cultura.

Além de um livro espetacular, o material pesquisado passou a ser usado também no site de Gavin Menzies, o http://www.1421.tv/index.asp.

segunda-feira, 24 de março de 2008

Em busca da especiaria perfeita


Marcelo Tass é uma figuraça e foi para Pequim. Resolveu, evidentemente, mostrar o que é que a chinesa tem e experimentar algumas especiarias da diversificada culinária do país. Ficou a impressão de que ele só queria mesmo era mostrar o que havia à disposição, mas lhe disseram que seria de extrema má educação se ele não comesse nada. Acredite, você pode passar horas dentro de uma loja e não comprar nada, mas não deve fazer o mesmo em relação à comida. O chinês dá muito valor à alimentação, e é preciso respeitar esse valor, que é muito profundo na cultura do país.

Mas o que interessa é que o Tass experimentou. Depois de valorizar um bocado a situação com seu jeito todo peculiar, se deu esse prazer. A cara dele é engraçadíssima. Parecia realmente achar que escorpião, cigarra, cavalo marinho e que tais teriam gosto duvidoso, mas no final ele disse que... (vale assistir ao vídeo no UOL).

A matéria é interessante por mostrar como é a venda, como é tudo muito natural, como as pessoas circulam por Pequim e, principalmente, a opinião dele sobre o sabor. As cigarras estão ali à venda como se fossem morango com cobertura de chocolate.

Depois, foi a um restaurante conhecer sopa de ovos com tomate e também ovos de 100 anos, que é envelhecido por 100 dias antes de ser servido, além de Pato de Pequim. Na real? Parece que ele vai sentir saudades de Pequim... Ah, comeu batata frita, também. E alerta para tomar muito, mas muito, cuidado com as pimentas em pedaço. Tá vendo como são as coisas? Depois de fazer cara feia para o escorpiãozinho, se deu conta de que perigosa mesmo é a pimenta...

quarta-feira, 19 de março de 2008

Londres homenageia design chinês


Fazer bem feito dá muito trabalho, custa caro e é recompensador, a ponto de alguns aspectos do design chinês terem ganho uma exposição no Victoria and Albert Museum, em Londres.

Se você está com viagem marcada para a Inglaterra, tem até o dia 13 de julho para visitar “a primeira exibição na Grã Bretanha a explorar a explosão do novo design na China”, a China Design Now.

No dia 4 de abril, das 19h às 20h, Norman Foster falará sobre seu projeto para o recém aberto Terminal 3 do Aeroporto Internacional de Pequim.

A exposição, que foi inaugurada no último sábado, dia 15 de março, e foca três aspectos do design chinês: a criatividade do design gráfico de Shenzhen, o modo de vida e o mundo fashion de Shanghai e a arquitetura que está transformando velozmente a cidade de Pequim.



Se você não vai para Londres, pode conhecer um pouco do que é mostrado lá se embrenhando pelo site do museu, onde é possível comprar o áudio da visita guiada. Há uma pequena apresentação da exposição em áudio em inglês e em mandarim. E se estiver entediado, ainda pode criar uma personagem que o represente no horóscopo chinês ou então de alguém que você goste e lhe enviar por e-mail.

"Ah, eu vou para Londres e vou visitar exposição sobre design chinês?!" O Victoria and Albert Museum é tão lindo que vale uma visita mesmo que só suas paredes estivessem expostas ao público. E sentar no jardim para comer um sanduíche ou ir até seu bar dá um charme muito especial a esse excelente passeio, ainda mais na primavera que se aproxima. Fica a dica. Metrô South Kensington, Londres.

Boa Páscoa.

segunda-feira, 17 de março de 2008

十五分中文


Assim como viajar é excelente oportunidade para aprender um pouco de uma nova cultura, conhecer um pouco dessa cultura é enriquecedor para quem vai viajar, principalmente se tratando de China, seja para aproveitar mais profundamente uma visita à Grande Muralha ou compreender as motivações e os significados dos atuais protestos no Tibet.

Na linha de que "uma viagem começa muito antes do embarque no aeroporto", comprei um curso prático de chinês chamado "15 Minutos Chinês", lançado no ano passado pela Dorling Kindersley (15-Minute Chinese) e, neste ano, pela Publifolha em português.

Comprei pelo site da editora para ver se me ajuda a estudar e, sinceramente, eu recomendo sem medo. Ele é muito prático, com situações reais, como comprar um laptop, reservar um quarto de hotel ou dizer a um médico que é diabético ou que está sentindo dores no peito. Convenhamos: vai ser fácil chegar até o médico e ele compreender que está com dores no peito? Não... Mas pelo menos vai poder apontar para ele a frase no guia. Espero sinceramente que ninguém precise desse capítulo.

Não, sério: para aprender frases básicas e curtas é um boa opção entre o que já vi nas livrarias. Tem um formato prático e é acompanhado por dois CDs que podem (será que podem?) ser convertidos para MP3 e carregados para todos os lados no bolso em um tocador. Ouvir a pronúncia do que está escrito e traduzido para o português é uma boa forma de aprender alguma coisa em chinês, principalmente com o caos que está o trânsito das grandes cidades ou mesmo para dar alguma utilidade ao tempo que se perde em filas ou aguardando para ser atendido por alguém.

Como o título deste texto dá a entender, >:O) a idéia é que por dia você estude apenas 15 minutos, seja antes de dormir ou ao acordar, ou enquanto espera o filho sair da escola ou toma um café na padaria... É questão de disciplina. E uma boa oportunidade para se divertir com as entonações. Seja como for, cada um dos 12 capítulos é dividido em cinco etapas, um para cada dia da semana, mas, evidentemente, ninguém vai aprender exatamente assim. Não é tão fácil, infelizmente. Mas o método é bom, com frases realmente úteis e curtas. Com perguntas e respostas.

Um ponto positivo são as dicas culturais, como saber que nos hotéis há garrafas térmicas com água quente nos quartos, que se alguém convidá-lo para entrar em casa você deve tirar os sapatos e levar um presentinho, como uma garrafa de cachaça brasileiríssima, que não deve brincar com cães das casas porque eles são ferozes, já que são cães de guarda e não de estimação, ou que os modelos de sapatos na China são normalmente menores que os brasileiros.

Mas com 15 miutos por dia pode selecionar frases que considere mais importantes e ouvir sua pronúncia para saber perguntar sobre o quarto de hotel. O esforço para falar a língua do país na viagem sempre é muito bem recompensado, seja na França ou na Alemanha. Na China , dizem, não é diferente.

É uma boa obra. Para mim, valeu o investimento, apesar de irritantemente ter um defeito inaceitável: além de ter as expressões com os ideogramas, tem o pin yin, que indica para o ocidental como é a pronúncia, mas não há os acentos que indicam o tom da pronúncia e nem explicam por que deixaram isso fora. Para quem estuda chinês é incompreensível terem tomado essa decisão. Os tons mudam absolutamente tudo na língua, não é como português que não faz muita diferença na hora de falar se "português" tem ou não acento. Imperdoável. Apesar de haver chineses que dizem que essa história de tom é coisa para estrangeiro, porque quando eles falam não pensam no tom. Mas se vai ensinar, que ensine corretamente.

Só como curiosidade, no título coloquei em ideograma "15 minutos chinês" e usei "15 minutos zhōng wén" que é a lingua chinesa escrita. A língua chinesa falada seria "15 minutos hān yǔ" (汉语). São esses sinais sobre as vogais que faltam, infelizmente, no "15 minutos chinês", o que tira muito de seu valor. Por isso, é uma boa obra, não excelente

quarta-feira, 12 de março de 2008

A cidade do gelo


Com um limão, nós fazemos uma limonada ou uma caipirinha, dependendo do tipo de sede. Já a cultura chinesa em Harbin [pronuncia-se Rā ěr pīm] é com uma barra de gelo fazer qualquer coisa, até mesmo uma nova cidade, como a desta foto, construída a partir de várias barras de gelo.

Localizada no nordeste da China, na região da Manchúria, próxima à Sibéria, na Rússia, Harbin é a capital da Província de Heilongjiang [Rēi lóm diēm]. O frio extremo do inverno, com temperaturas que chegam a 40º C abaixo de zero, permite que seja realizado ali, a partir de 5 de janeiro, o Festival Internacional de Gelo e Neve, que oficialmente se repete desde 1985, apesar de ter começado bem antes disso. Mais precisamente em 1963. Vale a pena visitar o link aí do lado, pois disponibiliza várias fotos, inclusive dos anos de 2003, 2005 e 2007. Parece que quem vai para lá quer voltar sempre... A abertura acontece no início de janeiro, mas enquanto houver frio intenso, há o que ver por lá.


As obras em neve ficam em espaço separado, mas todas são expostas a céu aberto, ficando ainda mais bonita à noite, devido à iluminação.


Apesar da beleza do festival, 2005 não foi um bom ano para a região, que teve o rio Songhua contaminado em novembro daquele ano por cerca de 100 toneladas de benzeno e nitrobenzeno após a explosão de uma indústria química. O problema ambiental comprometeu a imagem da cidade, tida como uma das dez maiores cidades da China e onde é possível provar pratos típicos da região, muito influenciada pela proximidade com a Rússia.

sexta-feira, 7 de março de 2008

O Dragão levanta suas asas

Comece a identificar seus "memory cards": com a inauguração do Terminal 3 do Aeroporto Internacional de Pequim, é provável que quem chegue à cidade encha um cartão de memória apenas com fotos do próprio aeroporto, oficialmente em funcionamento desde 2 de março de 1958.

O T3 foi inaugurado em 29 de fevereiro e sozinho ocupa uma área 17% maior que a soma dos cinco terminais de Heathrow, em Londres. É o maior do mundo, e seu teto em forma de dragão mede 3.250 metros de comprimento por 785 metros de largura. São 175 escadas rolantes, 173 elevadores e 437 esteiras deslizantes.

O projeto foi elaborado pelo arquiteto inglês Norman Foster, que compreendeu a necessidade de aceitar a cultura local. Especialistas em Feng Shui estudaram o projeto e sugeriram alterações, que foram atendidas. "O Feng Shui tem um lado científico e outro supersticioso. Nós usamos o lado científico", disse o arquiteto Shao Weiping, ligado à Beijing Architectural Design, parceira de Foster, ao Los Angeles Times.

Jonathan Parr, que trabalha com Foster e esteve envolvido no projeto desde o início, explicou a participação do consultor. "Fomos aconselhados por um especialista em Feng Shui para desenhar a aéra de desembarque. Toda a configuração e desenho foram feitos para serem calmos e convidativos, que é exatamente o que nós queríamos. "

O próprio Foster, no entanto, preferiu falar da estrutura da obra. "Se eu pudesse mostrar a magnífica estrutura em aço, as magníficas colunas definidas por curvas compostas sutis, acredito que você ficaria impressionado. Isso vem da experiência que os chineses têm para construir barcos. Eles são grandes construtores navais."

Em 2006, o aeroporto recebeu 48,65 milhões de passageiros, que usaram 376,6 mil vôos. De 2000 a 2006, passou de 93º para o 28º colocado entre os aeroportos com maior volume de vôos. Em transporte de cargas, passou de 31º para 21º. Em volume de passageiros transportados evoluiu mais: passou de 42º para 9º colocado.

Inicialmente, seis companhias irão atuar no Terminal 3: Sichuan Airlines, Shandong Airlines, Qatar Airways, Qantas Airways , British Airways e El Al Israel Airlines. No aeroporto há 66 companhias aéreas atuando, sendo 11 chinesas e 55 estrangeiras. Há mais de 5 mil vôos disponíveis para 88 cidades na China e para 69 cidades no exterior.

Você pode escolher pousar em Pequim em um superjumbo Airbus A380. Talvez seja uma oportunidade rara para pensar "até que esse aeroporto não parece ser tão grande".

A evolução do Aeroporto Internacional de Pequim
Terminal 1
Inaugurado em 2 de março de 1958. Reformado até 1º de janeiro de 1980 para atender 60 vôos diários e 1.500 pessoas no horário de pico em uma área de 60 mil m2. Fechado com a inauguração do Terminal 2, foi reestruturado e reaberto em 20 de setembro de 2004.
Terminal 2
Construído de outubro de 1995 a novembro de 1999 para atender 26,5 milhões de passageiros por ano, sendo 9.210 em horário de pico em área de 336 mil m2.
Terminal 3
Construído de 6 de abril de 2004 a 28 de fevereiro de 2008, entrará em funcionamento em duas fases, em 29 de fevereiro e 26 de março. Atende atualmente 1.100 vôos diários. Nos Jogos Olímpicos, estima-se que haverá até 1.600 vôos diários em Pequim, mas suporta até 1.900 vôos diários em uma área de 1,3 milhão de m2. Custou cerca de US$ 3 bilhões e quando estava no auge da construção teve 50 mil trabalhadores em seu canteiro de obra. Estima-se que em 2020 receberá 50 milhões de passageiros.

terça-feira, 4 de março de 2008

No Ninho do Dragão


Feng shui, yin e yang e mitologia influenciaram o projeto do Parque Olímpico de Pequim, desenvolvido para expressar os contornos de um dragão, representante da energia vital da Terra. De acordo com o livro do concurso que definiu o projeto, há um ditado chinês que diz algo como “Quando a energia vital monta o vento, se dispersa; Quando encontra a água, é preservada”. Lung é o dragão responsável por trazer chuva.

A boca do Dragão está voltada para o Rio Qing, onde começa o tratamento da água que será distribuída por todo o Parque Olímpico; seu corpo passa pelo Ninho, o Estádio Olímpico. Parece chocá-lo.

Se tudo gira em torno de alguma coisa, Pequim está dividida em anéis que circundam a Cidade Proibida. No centro, há um eixo que aponta a linha norte-sul da cidade, que graças aos Jogos Olímpicos, está se movendo para o norte.

O Parque Olímpico ocupa uma pequena parte dos anéis três, quatro, cinco e seis, até o Parque Florestal Nacional, agora Parque Florestal Olímpico, por onde passa a Rodovia do Quinto Anel. Seu projeto envolve construções com o que há de mais moderno científica e tecnologicamente para “integrar o desenvolvimento de longo prazo com obras de curto prazo e espaços reservados para o desenvolvimento futuro”.

Sua área mede 113,5 km² e reúne 10 arenas de competições para 11 modalidades, a Vila Olímpica, onde ficarão os atletas, os centros de imprensa e mídia e o Parque Florestal, que ocupa área de 68 km².

O Ninho e o Cubo D´Água foram construídos próximo ao ponto onde a Rodovia Norte do Quarto Anel cruza o eixo norte-sul da cidade.

segunda-feira, 3 de março de 2008

Concurso definiu o Parque Olímpico


Graças ao Sokan, da Chinatur, e a seus contatos na China, tive acesso ao livro "International Competition for Landscaping of Forrest Park and Central Zone in Olympic Green". Ao invés de tentar traduzir e facilmente cair em um erro nesse caso, vou contar do que se trata, e o título ficará subentendido, assim como parte da cultura chinesa por trás dessa obra.

A Comissão de Planejamento Municipal de Pequim, o Distrito de Chaoyang e a "Secretaria" Paisagística de Pequim, destacadas pela Prefeitura de Pequim, convidaram em julho de 2003 os principais escritórios de design do mundo especializados em planejamento urbano, paisagístico e de engenharia ambiental para apresentarem projetos para uma seleção que definiria como seria a construção do Parque Florestal e da Zona Central do Parque Olímpico.

Participaram da pré-seleção 51 projetos desenvolvidos por 91 entidades independentes, que podiam criar consórcios, representando 12 países: Alemanha, Austrália, Canadá, China, Coréia do Sul, Estados Unidos, França, Holanda, Inglaterra, Japão, Singapura e Suíça. Foram selecionados oito projetos. O oito é o número de sorte da China, que abrirá sua Olimpíada às 8 horas e 8 minutos da noite de 8/8/2008.

Foi então montada uma equipe com 30 especialistas, que elaboraram relatórios com as bases técnicas de cada um dos projetos para municiar o júri selecionado, que contou com 13 componentes de quatro países, sendo oito da China e cinco dos demais. Participaram dessa etapa engenheiros, horticultores, economistas, desenhistas, representantes do Comitê Olímpico Chinês (Bocog) e representantes da Prefeitura de Pequim, que selecionaram três projetos, da EDAW Inc. em parceria com a China Architecture Design & Reserch Group, da Sasaki Associates, Inc. em parceria com a Beijing Tsinghua Planning Corporation e da Turen Design Institute. Uma votação pública escolheu os dois primeiros e um quarto projeto, do consórcio Beijing Park Society, Beijing China Research Center of Landscape Architectural Design and Planning, Beijing Topsense Landscape & Design Co. Ltd., Tianxia Original Design Ltd.

Preciosismo citar o nome de todas as empresas, mas conquistaram isso por mérito. O livro foi lançado para documentar o concurso. A idéia quando os projetos foram requisitados, segundo o editor da obra, era refletir o conceito de "Olimpíada Verde, Olimpíada Tecnológica e Olimpíada do Povo. Mesmo com o prefácio tendo sido assinado em dezembro de 2003, as informações são excelentes referências sobre o local.

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

É preciso tratar bem o turista


No momento em que fico sabendo que a agência de turismo Chinatur passou a disponibilizar em seu site os textos deste blog, leio na coluna Última Moda, de Alcino Leite Neto, na Folha de S. Paulo, uma nota que chama a atenção para os cuidados necessários no trato ao turista.

Informa que agências de turismo da China passaram a boicotar as Galeries Lafayette depois que um casal de chineses foi destratado e levado à polícia.

A nota destacava ainda que os chineses estão entre os povos que mais têm aumentado sua presença na França como turistas, o que a ocorrer também no Brasil.

A foto que ilustra o texto foi retirada de http://www.TravelerPhotographs.com.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Vamos jogar cùjú?


Se o Brasil é o país do futebol, será que um dia a China voltará a ser o país do cùjú? Em chinês, "cu" - por favor, pronuncia-se [su] - significa chutar e "ju" [tju] bola de couro, e dava nome para o futebol local que, atenção, era jogado há mais de 2.500 anos.

A foto é de uma bola utilizada no esporte, mas não encontrei um texto que dissesse de quanto tempo atrás, mas o esporte foi citado pelo site da Fifa, que reconheceu sua antiguidade.

Segundo o ChinaCulture.Org, o jogo era composto por 12 jogadores de cada lado, sendo seis "goleiros" para guardar os seis gols que tinham de cada lado. Imagina só: 12 gols! Devia sair muito gol durante os jogos, ao menos na Dinastia Han, e era um jogo de elite, assim como no Brasil, quando foi introduzido.

As imagens em pinturas têm muitas mulheres praticando o cùjú, o que talvez explique o fato de a China ter uma das melhores seleções femininas de futebol do mundo enquanto a masculina ainda terá de fazer muito intercâmbio para se tornar verdadeiramente competitiva.
Mas havia mais de um cùjú, o zhu qiu, tinha uma rede e jogadores dos dois lados, como se fosse o futevôlei, e o bai da não tinha gols. Está aí o poder da Fifa, ter definido uma regra e colocado o mundo todo para jogar, incluindo os determinados chineses.

Hora de malhar


O ano já é o do rato, os dias estão passando e se aproximam os Jogos Olímpicos, agitando Pequim, mas apesar de a China ter se transformado em potência olímpica em uma evolução gradual desde sua primeira participação em Olimpíadas, em Los Angeles-1984, cem anos depois da disputa da primeira Olimpíada da Era Moderna, em Atenas-1894, o esporte é encarado no país como uma forma de melhorar a saúde dos jovens.

Estudos apontam que a potência muscular dos adolescentes na China tem decaído nas últimas décadas, o que levou o governo a adotar um "Programa Nacional de Preparo Físico", em 1995, incentivando a prática de esportes pelos jovens, principalmente. Apesar de o estereótipo do chinês ser de um sujeito magro, a obesidade cresce também por lá.

É comum ler que a prática esportiva na China antiga valorizava a harmonia, o que contrasta com a competividade de altíssimo nível de uma Olimpíada, por exemplo. Difícil imaginar, hoje, um atleta como Liu Xiang, recordista mundial dos 110 metros com barreira desde 11 de julho de 2006 (12s88), esteja apenas em harmonia consigo mesmo na desejada findal olímpica, quando buscará o bicampeonato mundial. Liu Xiang acumula também a melhor marca mundial de todos os tempos entre os juniores nos 110m com barreiras, estipulada em 2002: 13s12.

Para o país do tai ji quan (tai chi) é uma outra forma de assimilar os valores ocidentais e há quem garanta que os chineses conseguirão o melhor desempenho já alcançado no quadro de medalhas na história olímpica. Já ouvi de mais de um descendente chinês. Resta aguardar para saber se é torcida dos Pachecos chineses ou se um novo recorde de medalhas de ouro será mesmo estipulado. O Ano do Rato promete.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Beijing 2008 licencia módulo do Ninho


A organização da Olimpíada de Beijing 2008 e a administração do Estádio Nacional transformaram em produto licenciado dos Jogos o primeiro módulo da estrutura metálica desenvolvida para a construção do Ninho do Pássaro.

A peça foi produzida em uma escala 1:100 e representa o primeiro dos 24 módulos desenvolvidos para sustentar o Estádio Olímpico. Cada uma das 5 mil peças vendidas com certificado de autenticidade mede 5,05 centímetros de altura, pesa 10,5 quilos e custa 29.800 yuan, cerca de R$ 7.300, se minhas contas estão certas na conversão para euros e depois para reais. Foram todas produzidas com sobras do material empregado na construção.


Do ponto de vista tecnológico, a estrutura de aço do Estádio Nacional foi a parte mais difícil de ser realizada no projeto. O estádio real tem 40 metros de altura no eixo norte-sul e 69 metros no eixo Leste-Oeste.

Causeway Bay, Hong Kong


Serve como cultura geral, digamos assim. O Estadão publicou uma matéria do correspondente em Genebra, Jamil Chade, sobre uma pesquisa que apurou que o segundo metro quadrado comercial mais caro em todo o planeta Terra fica em Causeway Bay, em Hong Kong.

A liderança é da 5ª Avenida, em Nova York, onde um metro quadrado comercial custa € 849 (R$ 2.200), muito acima de Causeway Bay, onde custa € 686 (R$ 1.780). Na Avenida Champs Elysées, em Paris, custa € 522 ( R$ 1.355).

O metro quadrado mais valorizado no Brasil seria o Shopping Iguatemi, onde custa € 131 (R$ 340). Não entendi a comparação do preço de um endereço privado entre avenidas inteiras, mas enfim, vale a curiosidade.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Beijing 2008 apresenta o seu Cubo D'Água


Uma das obras mais extraordinárias da história dos Jogos Olímpicos foi apresentada oficialmente hoje, o Cubo D'Água, o conjunto aquático que receberá as provas de natação, saltos ornamentais e nado sincronizado de Beijing 2008 e que estava em contrução desde 24 de dezembro de 2003.

Mais de 1 milhão de metros quadrados de Etileno-Tetrafluoretileno (ETFE) foram usados para revestir uma estrutura metálica que sustenta o prédio que ocupa uma área total de 100 mil metros quadrados.

Apesar de só conhecer por fotos (por pouco tempo, espero), o prédio é imponente. O ETFE já havia sido usado para tornar único o Alianz Arena, estádio do Bayern de Munique utilizado na Copa do Mundo da Alemanha 2006, e agora volta para ser uma das pérolas da coroa chinesa neste ano, mostrando o arrojo da obra erguida por um consórcio sino-australiano.

O ETFE, como me ajudou meu amigo Marcos, que é engenheiro químico, é uma película que pode ser comparada a um plástico, com durabilidade de 20 anos, e que vem sendo utilizado em grandes obras que exigem grande transparência. Por seu composto ter cerca de 1% do peso do vidro, tem sido cada vez mais aplicado, além de também ser reciclável.

Sua concepção imita uma bolhas de sabão, que dão um aspecto impressionante à obra. A sofisticação da engenharia civil marca presença nos Jogos Olímpicos, se tornando em um atrativo extra em um dos maiores eventos esportivos do mundo.


Os valores oficiais aplicados em sua construção não foram divulgados, mas especula-se que tenham sido consumidos mais de 140 milhões de dólares (cerca de 240 milhões de reais). Lá dentro haverá uma piscina de 50 metros, outra para aquecimento dos atletas que irão competir e outra para as provas de saltos ornamentais, onde serão disputadas 42 medalhas de ouro.