quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Um grande passo para a China


Mantendo os sinais externos de sua evolução econômica e tecnológica, a China lançou às 21h10 locais, da base de Jinquan, na província rural de Gansu, a Shénzhōu 7, que ficará em órbita a 343 quilômetros da superfície da Terra e permitirá que pela primeira vez um chinês faça um "passeio" espacial, se mantendo do lado de fora da espaçonave. A honra caberá ao chinês Zhai Zhigang, 43 anos depois do russo Alexey Leonov. Além dele, a "Nave Divina", seu nome em português, transporta os taikonautas Liu Boming e Jing Haipeng. A palavra taikonauta surgiu de "taikong ren" ou homem espacial.

Foi em 2003 que a China se tornou o terceiro país a enviar homens ao espaço, com a Shenzhou 5, depois de Estados Unidos e Rússia.

Se desta vez eles já estão fazendo a primeira "caminhada" espacial e pela primeira vez estão usando roupas espaciais totalmente "made in China", o que será que farão quando lançarem a Shénzhōu 8? Afinal, oito é o número da sorte deles. Seria o momento ideal para arriscar algo "além da imaginação".

Se não houver nenhum imprevisto na viagem, os taikonautas devem estar de volta à China no dia 28 de setembro, e provavelmente deverão participar dos festejos do dia 1º de outubro, a data nacional da China em um ano em que há muito a ser celebrado por lá, principalmente depois do sucesso internacional obtido com a organização dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos, como comenta Morris Jones.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

O mundo olha para a China


Provavelmente nem mesmo nos instantes que antecederam a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos Beijing 2008 olhos tão atentos estiveram voltados para a China como nesta semana. Com o degelo de glaciais eternos da economia mundial causando verdadeiros tsunamis de descrédito no mundo economicamente superdesenvolvido, o desempenho da bolsa chinesa depois do feriado será a grande atração da semana.

O Globo de sábado deu fortes indícios do por que disso tudo. Segundo matéria de Gilberto Scofield Jr., o China International Capital Corp. informou que o banco central de lá, o Banco Popular da China, tem US$ 447,5 BIlhões em títulos de Fannie Mae e Freddie Mac. As reservas em moeda estrangeira do país são de US$ 1,8 trilhão atualmente.

Segundo a matéria, o economista-chefe do China International Capital Corp. disse ao jornal estatal chinês China Daily que "a crise fez o governo chinês perceber que foi uma má idéia colocar todos os seus ovos na mesma cesta".

Mas o mais significativo vinha em seguida. Fontes anônimas do governo chinês de Pequim dizem que o banco chinês deverá iniciar um lento processo de "desdolarização" de parte de suas reservas. Somam 60% os ativos em dólar na China.

Hong Kong abriu em queda de 5,91%. Dizem que como o governo é comunista, é a única bolsa de valores do mundo onde quando há ganhos fecha em vermelho, cor da bandeira do país. Depois das Olimpíadas e das Paraolimpíadas, os gigantes se preparam para organizar agora suas Paraeconomias particulares.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Patriotismo para o chinês


A Folha de S.Paulo publicou ontem um artigo interessante assinado por Zhou Shixiu, professor titular de história da Universidade de Hubei (China) e professor visitante da Unesp (Universidade Estadual Paulista), e Luís Antonio Paulino, professor da Faculdade de Filosofia e Ciências da Unesp-Marília, que trata do patriotismo dos chineses constatado nos Jogos Olímpicos Beijing-2008.

Para quem não é assinante e não tem acesso ao texto, vale comentar que explica o significado do hino chinês:
"Levante-se povo que não quer ser escravo. Vamos juntos construir uma nova Grande Muralha com nossos corpos. Nossa nação enfrenta grandes perigos. Cada um de nós deve gritar com todas as suas forças. Levantem-se, levantem-se, milhões em um só coração. Enfrentemos o risco do fogo e dos canhões inimigos. Avante, avante."

Apesar da história milenar da China, o hino foi adotado apenas depois que o Partido Comunista se estabeleceu, em 1949. Se chama "Marcha do Exército de Voluntários" e foi criado após a invasão japonesa de 1937. Foi com essas referências e sob esse canto que os chineses disputaram e torceram pelos Jogos Olímpicos.

O texto explica que no século 18, a China era a maior economia do mundo, "mas como sempre foi pacífica, não estava preparada para enfrentar as agressões militares que sofreu para abrir seus mercados para o Ocidente".

Me ocorreu que talvez essa realidade explique porque Deng Xiaoping recorreu ao Exército chinês quando buscou um pacto para implantar as Zonas Econômicas Especiais na China, em uma luta individual que teve de vencer inacreditáveis barreiras, como descreve o livro "A China de Deng Xiaoping".

O texto aponta que os chineses aplicaram à sua vida um ensinamento antigo: "Não andar para a frente significa voltar para trás."

Mas talvez entre todas as dicas que o texto transmite a nós, ocidentais, para que entendamos um pouco melhor a China e seu povo uma das mais importantes é na China se fala sobre democracia e liberdade, "sempre pensando com a responsabilidade. A maioria dos chineses sabe que a realização de democracia deve se dar passo a passo".

Outra boa dica é a afirmação de que há um objetivo comum na China, que é construir um país "de estudo, de inovação e de desenvolvimento sustentável", já que, segundo os autores, "uma nação bem organizada, unida e trabalhadora pode fazer milagres".

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Chineses estão satisfeitos com China

Quem trabalha para alcançar a China e o mercado chinês tem de saber que apesar das críticas que o país recebe mundo a fora por seu sistema de governo, o povo local foi apontado por uma pesquisa como o mais satisfeito "com os rumos do próprio país" . Os dados foram levantados pelo "Pew Research Center for the People & the Press" com a "2008 Attitudes Survey", realizada em 24 países, segundo artigo do editor-chefe da edição internacional da revista Newsweek, Fareed Zakaria, publicado pela revista Época.

Segundo o texto, foram ouvidos pessoalmente 3.212 chineses de 16 dialetos diferentes. Ele mesmo ressalta que indicadores apontam que a opinião é sincera, já que poderiam se sentir intimidados a criticar o governo central. Dos entrevistados, 86% estão satisfeitos com os rumos do país. A lista de satisfação trás na segunda colocação os australianos (61%), seguidos dos russos (54%) e espanhóis (50%). Os brasileiros estão na 12a colocação (31%) atrás da Tanzânia e à frente da Grã-Bretanha.

Os chineses também são os mais satisfeitos com a economia do país com índice de 82%, seguidos de australianos (69%), indianos (62%) e alemães (53%). Os brasileiros aparecem na nona colocação (41%) atrás do Egito e à frente da Nigéria.

Trata-se de uma informação importante. Principalmente para servir de norte para quem quer entender aquele país. As maiores críticas dos entrevistados, segundo Zakaria, se voltaram para "corrupção, degradação ambiental e inflação".

Na página do instituto na internet descobre-se que "mais de oito em cada dez chineses estão satisfeitos com o rumo do país", um crescimento significativo em relação ao ano de 2002, quando a marca era inferior a "cinco em dez". Em números, passou de 48% de satisfeitos em 2002 para 86% agora.

Em relação à própria vida, no entanto, é diferente. Com a vida familiar, 14% são muito satisfeitos, e 67% são satisfeitos. A soma de 81% dos entrevistado coloca os chineses em 29º lugar entre 47 países pesquisados no ano passado. Entre os que estão empregados, 4% são muito satisfeito com o trabalho e 60% se dizem satisfeitos. O índice de 64% coloca os chineses em 34º lugar entre 47 países.

Neste ano foram ouvidas 24.717 pessoas em 24 países, em 2007, 45.239 em 46 países mais territórios palestinos. O relatório completo sobre os chineses pode ser lido em inglês aqui.

A informação que poderá surpreender muita gente é que 76% dos chineses aprovam a "política do filho único", em que cada casal só pode ter um filho. A desaprovação é de 21% e os demais não opinaram. Mais surpreendente é que a variação na opinião é relativamente pequena nos quatro grupos de faixa etária. Entre quem tem 18 e 29 anos (e hipoteticamente em fase mais "fértil" da vida) a aprovação é de 77%; de 30 a 39, 72%; de 40 a 49, 79%; e com mais de 50, 75%.

O dado mais significativo aparece no meio rural, onde 28% desaprovam a política do filho único e pode-se suspeitar se tratar de conseqüência da maior necessidades de mais braços para o trabalho. Na cidade, 13% desaprovam. A pergunta era simples: "você aprova ou desaprova a política do filho único?".

Mudando de assunto, eles estão se achando: 77% acreditam que os demais países do mundo gostam da China e 10% acreditam que não gostam. A pergunta era "como você acha que as pessoas dos demais países do mundo se sentem em relação à China? Comumente gostam ou não gostam da China?"

A auto-estima chinesa também colocou as manguinhas de fora quando o assunto foi Olimpíada. Mesmo antes dos Jogos, 96% dos chineses acreditavam que os Jogos Olímpicos seriam um sucesso; 93% que ajudariam a imagem da China; 79% disseram que seria importante para eles "pessoalmente". Eles tinham razão.

Mas 75% deles acreditavam que a China ganharia mais medalhas. Como não estava especificado que eram de ouro, erraram. Os Estados Unidos ganharam mais. Mas por essa lógica americana, o Brasil foi o melhor país no torneio masculino de vôlei de praia, pois brasileiros conquistaram a prata e o bronze. Os americanos ganharam "apenas" o ouro.