sexta-feira, 25 de abril de 2008

Escreva em inglês, se comunique em chinês


Estudar mandarim não é uma tarefa nada simples, pois depois que se consegue aprender o significado e a pronúncia correta de um ideograma vem a parte mais difícil de todas, que é a manutenção, trabalhar para não esquecer o significado de cada um e no que se transformam quando estão com outros.

Mas como já há aqueles que vivem em conexão permanente com uma rede, seja via celular ou modem sem fio, um tradutor de textos deverá ajudar os que precisem, de repente, se comunicar em mandarim, também conhecido como chinês.

No FreeTranslation um texto é digitado em inglês e on line ele é traduzido para o mandarim simplificado, de forma que "My name is Valmir" vira "我的名字是 Valmir".

Tem sido útil para um paulista que conheceu uma chinesa em um site de relacionamentos e agora está morando na China com ela. Ela não fala inglês muito bem, ou pelo menos não demonstra para ele saber falar tão bem, então, quando precisam decidir algo muito importante, vão os dois para a frente da tela de um computador e "negociam" por escrito, com a ajuda desse tradutor. Têm histórias ótimas os dois, mas não vêm ao caso agora.

Em caso de apuros, se houver um computador conectado por perto, vale a pena tentar. É uma chance a mais de ser compreendido. Por enquanto é o que se pode fazer, até a Microsoft colocar no mercado seu tradutor simultâneo no MSN, que irá traduzir de inglês para português, chinês, árabe, alemão e outras línguas, como o japonês, por exemplo. Enquanto se fala.

Esta última dica é do blog do Lorenzo Madrid, que esteve recentemente em Pequim, Edimburgo, Santiago do Chile etc. A CNet TV fez uma materiazinha a respeito. Por enquanto pode-se usar o tradutor Windows Live , que também traduz do inglês para o chinês. Mas interessante mesmo será quando o Helvecio Ribeiro terminar seu trabalho no tradutor do MSN. Quem sabe não fica mais fácil encontrar alguém que ajude nos estudos de mandarim...

terça-feira, 8 de abril de 2008

China, uma potência marítima



A afirmação do arquiteto inglês Norman Foster de que a experiência dos chineses em construir navios foi determinante na construção do Teminal 3 do Aeroporto Internacional de Pequim trouxe à memória uma edição da revista Superinteressante de dezembro de 2006, que falava de viagens chinesas ao redor do mundo em 1421, logo após a inauguração da Cidade Proibida, que tinha 1.500 vezes o tamanho da cidade de Londres murada, no início da Dinastia Ming. A população era 50 vezes maior.

A publicação tratava do livro “1421 – O Ano em que a China Descobriu o Mundo”, do inglês Gavin Menzies. Percorri alguns sebos e acabei comprando o livro no Estante Virtual, site na internet que centraliza o acervo de pelo menos 800 sebos ao redor do Brasil.

Estou na página 333 de 550, mas estou espantado desde o início. Após 14 anos de pesquisas e viagens ao redor do mundo, muitas vezes dentro do submarino que comandava como membro da “Real Marinha Britânica”, o autor refez viagens desenvolvidas por frotas chinesas em 1421 a 1423 para narrar o encontro desse povo com culturas tão antigas quanto a sua própria, como os maias. Menciona, por exemplo, a beleza da cidade maia de Palenque, em Chiapas, no México. Visitou "mais de 900 museus" e conversou com especialistas, além de citar uma bibliografia incrível.

Com afirmações contundentes como (em 1421) “os chineses tinham mais de seis séculos de experiência em navegação oceânica” e também “na construção de compartimentos de colisão, que são espaços (submersos) fechados, à prova d´água, esgotados com uso de bombas de rosca [de parafuso ou helicoidal] tipo ‘Arquimedes’ [séculos antes de Leonardo da Vinci tê-las ‘inventado’], o que permitia que trabalhassem abaixo da linha de flutuação. Em começos do período Ming, dispunham mesmo de equipamento de mergulho com tubos de respiração e máscaras”, Menzies vai demolindo página a página todo o conhecimento passado em relação aos descobrimentos, afirmando categoricamente que os europeus chegaram às Américas e à Austrália graças a mapas produzidos por chineses. Palavra de inglês.

Segundo ele, em 1428, Pedro (o Duque de Coimbra, "Príncipe das Sete Partidas", segundo a Wikipedia, filho mais velho do Rei de Portugal Dom João I e irmão de Dom Henrique, o Navegador) teria obtido em Veneza um mapa do mundo que continha descritas todas as partes do mundo e da terra. (página 123) O tal mapa teria sido produzido por chineses e fundamental para guiar os portugueses.

Embasa suas descobertas no conhecimento adquirido na leitura de cartas náuticas e vai fundo nas citações tanto de mapas quanto no trabalho em rochas nas quais os chineses teriam deixado suas marcas ao redor do mundo, em uma postura anti-preservacionista, mas que permitiu a ele identificar os rastros chineses. Chega um momento da leitura em que fica difícil decidir se o mais fantástico era os chineses fazerem o que ele diz que faziam ou ele próprio ter conseguido reconstruir tudo aquilo.

Em relação às Américas, cita e localiza em mapa 11 evidências que provariam a presença chinesa no continente antes de Cristóvão Colombo, entre elas um junco afundado e a existência de uma aldeia chinesa e de pessoas que falavam chinês em Sacramento (EUA); a presença de uma âncora chinesa em Los Angeles (EUA), arte rupestre em caverna no México, onde há também corantes desenvolvidos sob influência de chineses; existência de galinhas asiáticas; índios venezuelanos com DNA chinês; aldeia no Peru de pessoas que falam chinês, país onde foram encontrados bronzes com inscrições chinesas; e âncoras e anzóis chineses encontrados no Equador.

Um junco chinês, chamado Ba Chuan [pronuncia-se Pa Tchuan], teria cerca de 135 metros de comprimento, um monstro na comparação com as Caravelas portuguesas de cerca de 20 metros, como o faz a Superinteressante e também esta imagem aí abaixo. Segundo o autor, em 1421, a segunda esquadra mais poderosa era a de Veneza, que contava com 300 galeras, cujas maiores mediam 45 metros de comprimento e 6 metros de largura e transportavam 50 toneladas de carga, enquanto um Ba Chuan chinês podia transportar 200 toneladas de carga. A China dispunha de cerca de 3.750 embarcações, que para serem construídas consumiram literalmente florestas inteiras e muitas reservas financeiras do país, com um impacto ambiental e econômico que acabou culminando com a queda do imperador pouco tempo depois. Eram 250 navios de tesouro, 1.350 barcos de patrulha, outros 1.350 navios de guerra, 400 navios maiores de guerra e 400 cargueiros para transporte de cereais, água e cavalos.

É impressionante a quantidade de detalhes sobre os chineses e muitos outros povos dessa época medieval, como as comparações em relação ao que representava a Europa nessa época, também destacado na revista. O autor faz comparações a todo instante, como: “Os cientistas europeus só comprovaram no século XVIII o que os chineses sabiam havia séculos, isto é, que algumas plantas podem indicar a presença de ouro e outros metais.”

Ou então: “os europeus dessa época eram quase os únicos a comerem galinhas e seus ovos. No sudeste da Ásia e na China, as galinhas serviam para um fim inteiramente diferente. Nos costumes divinatórios chineses (...) as galinhas melanóticas protegiam o lar de maus espíritos.” Curioso é que atualmente, aqui no Brasil, se fala o mesmo dos gatos. Para esses chineses, provavelmente, comer galinha era tão estranho quanto para nós parece ser comer cachorro... É a cultura.

Além de um livro espetacular, o material pesquisado passou a ser usado também no site de Gavin Menzies, o http://www.1421.tv/index.asp.