segunda-feira, 24 de março de 2008

Em busca da especiaria perfeita


Marcelo Tass é uma figuraça e foi para Pequim. Resolveu, evidentemente, mostrar o que é que a chinesa tem e experimentar algumas especiarias da diversificada culinária do país. Ficou a impressão de que ele só queria mesmo era mostrar o que havia à disposição, mas lhe disseram que seria de extrema má educação se ele não comesse nada. Acredite, você pode passar horas dentro de uma loja e não comprar nada, mas não deve fazer o mesmo em relação à comida. O chinês dá muito valor à alimentação, e é preciso respeitar esse valor, que é muito profundo na cultura do país.

Mas o que interessa é que o Tass experimentou. Depois de valorizar um bocado a situação com seu jeito todo peculiar, se deu esse prazer. A cara dele é engraçadíssima. Parecia realmente achar que escorpião, cigarra, cavalo marinho e que tais teriam gosto duvidoso, mas no final ele disse que... (vale assistir ao vídeo no UOL).

A matéria é interessante por mostrar como é a venda, como é tudo muito natural, como as pessoas circulam por Pequim e, principalmente, a opinião dele sobre o sabor. As cigarras estão ali à venda como se fossem morango com cobertura de chocolate.

Depois, foi a um restaurante conhecer sopa de ovos com tomate e também ovos de 100 anos, que é envelhecido por 100 dias antes de ser servido, além de Pato de Pequim. Na real? Parece que ele vai sentir saudades de Pequim... Ah, comeu batata frita, também. E alerta para tomar muito, mas muito, cuidado com as pimentas em pedaço. Tá vendo como são as coisas? Depois de fazer cara feia para o escorpiãozinho, se deu conta de que perigosa mesmo é a pimenta...

quarta-feira, 19 de março de 2008

Londres homenageia design chinês


Fazer bem feito dá muito trabalho, custa caro e é recompensador, a ponto de alguns aspectos do design chinês terem ganho uma exposição no Victoria and Albert Museum, em Londres.

Se você está com viagem marcada para a Inglaterra, tem até o dia 13 de julho para visitar “a primeira exibição na Grã Bretanha a explorar a explosão do novo design na China”, a China Design Now.

No dia 4 de abril, das 19h às 20h, Norman Foster falará sobre seu projeto para o recém aberto Terminal 3 do Aeroporto Internacional de Pequim.

A exposição, que foi inaugurada no último sábado, dia 15 de março, e foca três aspectos do design chinês: a criatividade do design gráfico de Shenzhen, o modo de vida e o mundo fashion de Shanghai e a arquitetura que está transformando velozmente a cidade de Pequim.



Se você não vai para Londres, pode conhecer um pouco do que é mostrado lá se embrenhando pelo site do museu, onde é possível comprar o áudio da visita guiada. Há uma pequena apresentação da exposição em áudio em inglês e em mandarim. E se estiver entediado, ainda pode criar uma personagem que o represente no horóscopo chinês ou então de alguém que você goste e lhe enviar por e-mail.

"Ah, eu vou para Londres e vou visitar exposição sobre design chinês?!" O Victoria and Albert Museum é tão lindo que vale uma visita mesmo que só suas paredes estivessem expostas ao público. E sentar no jardim para comer um sanduíche ou ir até seu bar dá um charme muito especial a esse excelente passeio, ainda mais na primavera que se aproxima. Fica a dica. Metrô South Kensington, Londres.

Boa Páscoa.

segunda-feira, 17 de março de 2008

十五分中文


Assim como viajar é excelente oportunidade para aprender um pouco de uma nova cultura, conhecer um pouco dessa cultura é enriquecedor para quem vai viajar, principalmente se tratando de China, seja para aproveitar mais profundamente uma visita à Grande Muralha ou compreender as motivações e os significados dos atuais protestos no Tibet.

Na linha de que "uma viagem começa muito antes do embarque no aeroporto", comprei um curso prático de chinês chamado "15 Minutos Chinês", lançado no ano passado pela Dorling Kindersley (15-Minute Chinese) e, neste ano, pela Publifolha em português.

Comprei pelo site da editora para ver se me ajuda a estudar e, sinceramente, eu recomendo sem medo. Ele é muito prático, com situações reais, como comprar um laptop, reservar um quarto de hotel ou dizer a um médico que é diabético ou que está sentindo dores no peito. Convenhamos: vai ser fácil chegar até o médico e ele compreender que está com dores no peito? Não... Mas pelo menos vai poder apontar para ele a frase no guia. Espero sinceramente que ninguém precise desse capítulo.

Não, sério: para aprender frases básicas e curtas é um boa opção entre o que já vi nas livrarias. Tem um formato prático e é acompanhado por dois CDs que podem (será que podem?) ser convertidos para MP3 e carregados para todos os lados no bolso em um tocador. Ouvir a pronúncia do que está escrito e traduzido para o português é uma boa forma de aprender alguma coisa em chinês, principalmente com o caos que está o trânsito das grandes cidades ou mesmo para dar alguma utilidade ao tempo que se perde em filas ou aguardando para ser atendido por alguém.

Como o título deste texto dá a entender, >:O) a idéia é que por dia você estude apenas 15 minutos, seja antes de dormir ou ao acordar, ou enquanto espera o filho sair da escola ou toma um café na padaria... É questão de disciplina. E uma boa oportunidade para se divertir com as entonações. Seja como for, cada um dos 12 capítulos é dividido em cinco etapas, um para cada dia da semana, mas, evidentemente, ninguém vai aprender exatamente assim. Não é tão fácil, infelizmente. Mas o método é bom, com frases realmente úteis e curtas. Com perguntas e respostas.

Um ponto positivo são as dicas culturais, como saber que nos hotéis há garrafas térmicas com água quente nos quartos, que se alguém convidá-lo para entrar em casa você deve tirar os sapatos e levar um presentinho, como uma garrafa de cachaça brasileiríssima, que não deve brincar com cães das casas porque eles são ferozes, já que são cães de guarda e não de estimação, ou que os modelos de sapatos na China são normalmente menores que os brasileiros.

Mas com 15 miutos por dia pode selecionar frases que considere mais importantes e ouvir sua pronúncia para saber perguntar sobre o quarto de hotel. O esforço para falar a língua do país na viagem sempre é muito bem recompensado, seja na França ou na Alemanha. Na China , dizem, não é diferente.

É uma boa obra. Para mim, valeu o investimento, apesar de irritantemente ter um defeito inaceitável: além de ter as expressões com os ideogramas, tem o pin yin, que indica para o ocidental como é a pronúncia, mas não há os acentos que indicam o tom da pronúncia e nem explicam por que deixaram isso fora. Para quem estuda chinês é incompreensível terem tomado essa decisão. Os tons mudam absolutamente tudo na língua, não é como português que não faz muita diferença na hora de falar se "português" tem ou não acento. Imperdoável. Apesar de haver chineses que dizem que essa história de tom é coisa para estrangeiro, porque quando eles falam não pensam no tom. Mas se vai ensinar, que ensine corretamente.

Só como curiosidade, no título coloquei em ideograma "15 minutos chinês" e usei "15 minutos zhōng wén" que é a lingua chinesa escrita. A língua chinesa falada seria "15 minutos hān yǔ" (汉语). São esses sinais sobre as vogais que faltam, infelizmente, no "15 minutos chinês", o que tira muito de seu valor. Por isso, é uma boa obra, não excelente

quarta-feira, 12 de março de 2008

A cidade do gelo


Com um limão, nós fazemos uma limonada ou uma caipirinha, dependendo do tipo de sede. Já a cultura chinesa em Harbin [pronuncia-se Rā ěr pīm] é com uma barra de gelo fazer qualquer coisa, até mesmo uma nova cidade, como a desta foto, construída a partir de várias barras de gelo.

Localizada no nordeste da China, na região da Manchúria, próxima à Sibéria, na Rússia, Harbin é a capital da Província de Heilongjiang [Rēi lóm diēm]. O frio extremo do inverno, com temperaturas que chegam a 40º C abaixo de zero, permite que seja realizado ali, a partir de 5 de janeiro, o Festival Internacional de Gelo e Neve, que oficialmente se repete desde 1985, apesar de ter começado bem antes disso. Mais precisamente em 1963. Vale a pena visitar o link aí do lado, pois disponibiliza várias fotos, inclusive dos anos de 2003, 2005 e 2007. Parece que quem vai para lá quer voltar sempre... A abertura acontece no início de janeiro, mas enquanto houver frio intenso, há o que ver por lá.


As obras em neve ficam em espaço separado, mas todas são expostas a céu aberto, ficando ainda mais bonita à noite, devido à iluminação.


Apesar da beleza do festival, 2005 não foi um bom ano para a região, que teve o rio Songhua contaminado em novembro daquele ano por cerca de 100 toneladas de benzeno e nitrobenzeno após a explosão de uma indústria química. O problema ambiental comprometeu a imagem da cidade, tida como uma das dez maiores cidades da China e onde é possível provar pratos típicos da região, muito influenciada pela proximidade com a Rússia.

sexta-feira, 7 de março de 2008

O Dragão levanta suas asas

Comece a identificar seus "memory cards": com a inauguração do Terminal 3 do Aeroporto Internacional de Pequim, é provável que quem chegue à cidade encha um cartão de memória apenas com fotos do próprio aeroporto, oficialmente em funcionamento desde 2 de março de 1958.

O T3 foi inaugurado em 29 de fevereiro e sozinho ocupa uma área 17% maior que a soma dos cinco terminais de Heathrow, em Londres. É o maior do mundo, e seu teto em forma de dragão mede 3.250 metros de comprimento por 785 metros de largura. São 175 escadas rolantes, 173 elevadores e 437 esteiras deslizantes.

O projeto foi elaborado pelo arquiteto inglês Norman Foster, que compreendeu a necessidade de aceitar a cultura local. Especialistas em Feng Shui estudaram o projeto e sugeriram alterações, que foram atendidas. "O Feng Shui tem um lado científico e outro supersticioso. Nós usamos o lado científico", disse o arquiteto Shao Weiping, ligado à Beijing Architectural Design, parceira de Foster, ao Los Angeles Times.

Jonathan Parr, que trabalha com Foster e esteve envolvido no projeto desde o início, explicou a participação do consultor. "Fomos aconselhados por um especialista em Feng Shui para desenhar a aéra de desembarque. Toda a configuração e desenho foram feitos para serem calmos e convidativos, que é exatamente o que nós queríamos. "

O próprio Foster, no entanto, preferiu falar da estrutura da obra. "Se eu pudesse mostrar a magnífica estrutura em aço, as magníficas colunas definidas por curvas compostas sutis, acredito que você ficaria impressionado. Isso vem da experiência que os chineses têm para construir barcos. Eles são grandes construtores navais."

Em 2006, o aeroporto recebeu 48,65 milhões de passageiros, que usaram 376,6 mil vôos. De 2000 a 2006, passou de 93º para o 28º colocado entre os aeroportos com maior volume de vôos. Em transporte de cargas, passou de 31º para 21º. Em volume de passageiros transportados evoluiu mais: passou de 42º para 9º colocado.

Inicialmente, seis companhias irão atuar no Terminal 3: Sichuan Airlines, Shandong Airlines, Qatar Airways, Qantas Airways , British Airways e El Al Israel Airlines. No aeroporto há 66 companhias aéreas atuando, sendo 11 chinesas e 55 estrangeiras. Há mais de 5 mil vôos disponíveis para 88 cidades na China e para 69 cidades no exterior.

Você pode escolher pousar em Pequim em um superjumbo Airbus A380. Talvez seja uma oportunidade rara para pensar "até que esse aeroporto não parece ser tão grande".

A evolução do Aeroporto Internacional de Pequim
Terminal 1
Inaugurado em 2 de março de 1958. Reformado até 1º de janeiro de 1980 para atender 60 vôos diários e 1.500 pessoas no horário de pico em uma área de 60 mil m2. Fechado com a inauguração do Terminal 2, foi reestruturado e reaberto em 20 de setembro de 2004.
Terminal 2
Construído de outubro de 1995 a novembro de 1999 para atender 26,5 milhões de passageiros por ano, sendo 9.210 em horário de pico em área de 336 mil m2.
Terminal 3
Construído de 6 de abril de 2004 a 28 de fevereiro de 2008, entrará em funcionamento em duas fases, em 29 de fevereiro e 26 de março. Atende atualmente 1.100 vôos diários. Nos Jogos Olímpicos, estima-se que haverá até 1.600 vôos diários em Pequim, mas suporta até 1.900 vôos diários em uma área de 1,3 milhão de m2. Custou cerca de US$ 3 bilhões e quando estava no auge da construção teve 50 mil trabalhadores em seu canteiro de obra. Estima-se que em 2020 receberá 50 milhões de passageiros.

terça-feira, 4 de março de 2008

No Ninho do Dragão


Feng shui, yin e yang e mitologia influenciaram o projeto do Parque Olímpico de Pequim, desenvolvido para expressar os contornos de um dragão, representante da energia vital da Terra. De acordo com o livro do concurso que definiu o projeto, há um ditado chinês que diz algo como “Quando a energia vital monta o vento, se dispersa; Quando encontra a água, é preservada”. Lung é o dragão responsável por trazer chuva.

A boca do Dragão está voltada para o Rio Qing, onde começa o tratamento da água que será distribuída por todo o Parque Olímpico; seu corpo passa pelo Ninho, o Estádio Olímpico. Parece chocá-lo.

Se tudo gira em torno de alguma coisa, Pequim está dividida em anéis que circundam a Cidade Proibida. No centro, há um eixo que aponta a linha norte-sul da cidade, que graças aos Jogos Olímpicos, está se movendo para o norte.

O Parque Olímpico ocupa uma pequena parte dos anéis três, quatro, cinco e seis, até o Parque Florestal Nacional, agora Parque Florestal Olímpico, por onde passa a Rodovia do Quinto Anel. Seu projeto envolve construções com o que há de mais moderno científica e tecnologicamente para “integrar o desenvolvimento de longo prazo com obras de curto prazo e espaços reservados para o desenvolvimento futuro”.

Sua área mede 113,5 km² e reúne 10 arenas de competições para 11 modalidades, a Vila Olímpica, onde ficarão os atletas, os centros de imprensa e mídia e o Parque Florestal, que ocupa área de 68 km².

O Ninho e o Cubo D´Água foram construídos próximo ao ponto onde a Rodovia Norte do Quarto Anel cruza o eixo norte-sul da cidade.

segunda-feira, 3 de março de 2008

Concurso definiu o Parque Olímpico


Graças ao Sokan, da Chinatur, e a seus contatos na China, tive acesso ao livro "International Competition for Landscaping of Forrest Park and Central Zone in Olympic Green". Ao invés de tentar traduzir e facilmente cair em um erro nesse caso, vou contar do que se trata, e o título ficará subentendido, assim como parte da cultura chinesa por trás dessa obra.

A Comissão de Planejamento Municipal de Pequim, o Distrito de Chaoyang e a "Secretaria" Paisagística de Pequim, destacadas pela Prefeitura de Pequim, convidaram em julho de 2003 os principais escritórios de design do mundo especializados em planejamento urbano, paisagístico e de engenharia ambiental para apresentarem projetos para uma seleção que definiria como seria a construção do Parque Florestal e da Zona Central do Parque Olímpico.

Participaram da pré-seleção 51 projetos desenvolvidos por 91 entidades independentes, que podiam criar consórcios, representando 12 países: Alemanha, Austrália, Canadá, China, Coréia do Sul, Estados Unidos, França, Holanda, Inglaterra, Japão, Singapura e Suíça. Foram selecionados oito projetos. O oito é o número de sorte da China, que abrirá sua Olimpíada às 8 horas e 8 minutos da noite de 8/8/2008.

Foi então montada uma equipe com 30 especialistas, que elaboraram relatórios com as bases técnicas de cada um dos projetos para municiar o júri selecionado, que contou com 13 componentes de quatro países, sendo oito da China e cinco dos demais. Participaram dessa etapa engenheiros, horticultores, economistas, desenhistas, representantes do Comitê Olímpico Chinês (Bocog) e representantes da Prefeitura de Pequim, que selecionaram três projetos, da EDAW Inc. em parceria com a China Architecture Design & Reserch Group, da Sasaki Associates, Inc. em parceria com a Beijing Tsinghua Planning Corporation e da Turen Design Institute. Uma votação pública escolheu os dois primeiros e um quarto projeto, do consórcio Beijing Park Society, Beijing China Research Center of Landscape Architectural Design and Planning, Beijing Topsense Landscape & Design Co. Ltd., Tianxia Original Design Ltd.

Preciosismo citar o nome de todas as empresas, mas conquistaram isso por mérito. O livro foi lançado para documentar o concurso. A idéia quando os projetos foram requisitados, segundo o editor da obra, era refletir o conceito de "Olimpíada Verde, Olimpíada Tecnológica e Olimpíada do Povo. Mesmo com o prefácio tendo sido assinado em dezembro de 2003, as informações são excelentes referências sobre o local.