segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Em busca de um céu de brigadeiro



Realizar a Olimpíada em Pequim vai além de antecipar obras para refazer a infra-estrutura da cidade e mudar o perfil sócio-econômico da capital, que está deixando de ser majoritariamente industrial em seu centro para passar a explorar mais o turismo, se tornando uma moderna porta de entrada para a China.

Ganhar o maior número possível de medalhas é apenas um dos índices de eficiência existente nos Jogos Olímpicos, principalmente para aqueles que assumem a responsabilidade de organizá-los. Além de os estádios estarem quase todos prontos e neles já terem sido-teste para os Jogos, querem demonstrar serem capazes de alcançar as metas estipuladas em áreas muito diversas.

Um dos maiores problemas de Pequim são seus altíssimos índices de poluição, principalmente por haver muitas indústrias defasadas na cidade. Mas eles prometeram na candidatura a sede, que o ar da cidade estaria tão limpo quanto o de Paris na Abertura dos Jogos, o que poderá ser medido para comparação, em agosto.

Não é pouca coisa, algo como transformar Cubatão em Ipanema. Mesmo assim, o governo estipulou uma meta de fazer acontecer 246 dias de céu azul sobre Pequim em 2008. Ou seja, dias em que fosse possível ver o azul do céu, já que as nuvens de poluição podem ser imensas por lá. Anunciaram no fim do ano que conseguiram alcançar o objetivo, de acordo com os parâmetros estipulados por eles mesmos. Para 2008, estipularam em 256 os dias que terão boa qualidade de ar. Em 2007 foi necessário desativar indústrias, com o conseqüente corte de empregos, e foi testado também o impacto que teria promover rodízios de veículos.

A preocupação com o céu vai além da qualidade do ar. A Reuters divulgou que o aeroporto de Pequim fará 1.350 vôos diários para garantir que todos os vôos saiam no horário e que as empresas que não cumprirem o cronograma de julho a setembro, poderão ter a rota atrasada suspensa para todo o trimestre. A nota informa que o número de passageiros no ano passado foi de 185 milhões e que em 2008, irá para algo como 200 milhões. Pouco menos de 25% dos vôos não saíram no horário em 2007 na China.

Mas para que os vôos saiam na hora é fundamental que haja "céu azul" sobre Pequim, pois as grossas nuvens de poluição podem atrasar os vôos em dias. Será interessante acompanhar o que irá acontecer com tudo isso após a Olimpíada. Talvez aí esteja outra grande lição.

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