sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Os olhos da raposa


Via de regra, os personagens das fábulas chinesas são tirados da natureza, sejam animais, o vento ou as árvores. Antes de falar das medalhas que serão distribuídas nas olímpiadas e a diferença delas para as do Pan, mais uma fábula que encontrei.

Uma galinha, incapaz de continuar suportando o perigo que a rondava, procurou os animais mais fortes para reclamar que suas semelhantes estavam sendo ameaçadas pela raposa e pediu a eles que fizessem justiça e encerrassem a selvageria da raposa. "Se você olhasse dentro daqueles olhos", cacarejou ela, "iria me compreender".

"Já olhei suficientemente", rosnou o tigre. "Eles expressam apenas timidez e cautela. Não há o que temer ali."

"A raposa avança em minha direção todas as vezes em que me vê", grunhiu o javali. "O que vejo naqueles olhos são é modéstia e clemência."

"Eu conheço a raposa muito bem", uivou o lobo. "É do tipo que sempre desaparece quando há uma luta. Os olhos da raposa são meigos e submissos."

"Você estão todos enganados!", voltou a cacarejar a galinha. Por que vocês não conseguem ver astúcia e crueldade naqueles olhos?"

"Segure sua língua!", disse o tigre, "não vou aceitar você inventado acusações contra a raposa."

"Você não devia ser preconceituosa", disse o javali.

"Você tem de ser responsável pelo que diz", disse o lobo. "É tão errado o fraco intimidar o forte quanto o forte intimidar o fraco."

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